Enquanto estudantes da Unicamp se mobilizavam em greve em defesa da não privatização de serviços públicos e do não desmonte das universidades públicas, um professor teria agredido um estudante e tentado esfaqueá-lo, na manhã desta terça-feira (3).
Em um vídeo veiculado nas redes sociais é possível ver o momento em que professor e aluno aparecem no chão, enquanto estudantes, cercam o bloco para tentar evitar a fuga do docente.
Os alunos estavam mobilizando demais estudantes na greve, quando o professor, identificado como Rafael Leão, teria atacado alguns alunos com uma faca.
Gustavo Bispo, diretor do DCE (Diretório Central dos Estudantes) da instituição e membro do movimento estudantil Correnteza, afirmou que, além dele, outro estudante também foi agredido pelo docente.
“Quando a gente tentou diálogo com o professor para poder falar o porquê as salas estão parando, o professor apertou o meu braço, me jogou no chão e levantou uma faca para tentar me esfaquear. Os estudantes conseguiram gritar e sair correndo, e graças a isso a gente conseguiu correr e chamar a segurança do campus”, disse o estudante. Não houveram feridos.
O professor de cálculo era entusiasta no colecionismo de armas brancas, mantendo em seu perfil nas redes sociais diversas fotos com machados e facas. Segundo a Polícia Civil, o professor foi encaminhado até a Delegacia.
Em vídeo divulgado pelo DCE, alunos acompanham o momento em que Rafael é detido e encaminho até uma viatura da polícia militar, aos gritos de “racistas, fascistas, não passarão”.
NOTA DA UNIVERSIDADE
Em nota, a Unicamp repudiou os atos de violência cometidos na universidade.
“A Reitoria da Unicamp vem a público repudiar os atos de violência praticados no campus de Barão Geraldo, nesta manhã do dia 03 de outubro. A conduta do docente, para além do inquérito policial instaurado, será averiguada por meio dos procedimentos administrativos adequados e serão tomadas as medidas cabíveis. Ressalte-se, ainda, que a Reitoria vem alertando que a proliferação de atos de violência com justificativa ou motivação política não é salutar para a convivência entre diferentes. É preciso, nesse momento, calma e serenidade para que os conflitos sejam tratados de forma adequada e os problemas, dirimidos”.
VERSÃO DO PROFESSOR
No Boletim de Ocorrência, Rafael alega que carregava uma faca e um frasco de spray de pimenta por precaução, devido a um incidente ocorrido em 2016 – do qual diz ter sofrido ameaças de alunos (não encontrado pela equipe de reportagem).
Ao chegar na instituição, encontrou o portão fechado e, por esse motivo, estacionou seu automóvel nas proximidades, dirigindo-se a pé até o prédio do IMECC (Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica da Unicamp), onde ministra aulas. O professor alega que os alunos envolvidos no caso teriam se dirigido agressivamente a ele, “dizendo que ele não daria aula, pois os alunos estavam em greve”. Com isso, ele usou o spray de pimenta e a faca para se defender.
Segundo consta no B.O, Rafael nega veementemente ter ameaçado qualquer um dos jovens com a faca e informa que apenas se defendeu, mostrando os objetos para eles, com medo de ser agredido.
As partes foram liberadas, com a alegação de legítima defesa por parte de Rafael.
Confira o vídeo: