segunda-feira, 25 novembro 2024
ALERTA DE EPIDEMIA

Região tem aumento de 67% em casos positivos de dengue

As confirmações foram feitas pelo Instituto Adolfo Lutz e saltaram de 31 para 52 em janeiro de 2023 e 2024, respectivamente
Por
Henrique Fernandes

O alerta do Ministério da Saúde é de epidemia de dengue neste ano no Brasil. O TODODIA fez um levantamento de quantos casos foram notificados e positivados de janeiro deste ano em relação a janeiro do ano passado. Nas cidades de Americana, Nova Odessa, Santa Bárbara d’Oeste, Hortolândia e Sumaré ocorreu um aumento de 67,74% de casos da doença que foram confirmados pelo Instituto Adolf Lutz.

No primeiro mês de 2023, foram 31 casos positivos da doença e o número saltou para 52 na região em janeiro de 2024, antes de terminar o mês. O número de suspeitas também cresceu de 310 para 334 nas cinco cidades. A situação é de alerta e o TODODIA entrevistou os responsáveis pelas Vigilâncias de cada município.

MAPA DA DENGUE NA REGIÃO

Sumaré, com 279 mil habitantes, registrou um aumento de 333,33%, saltando de 6 casos confirmados para 26 até o dia 19 deste ano comparado ao mês inteiro de janeiro passado. Os dados foram informados pela superintendente em Endemias Denise Barja.

Americana, que tem cerca de 237 mil habitantes, registrou 9 casos positivos de dengue durante os primeiros 19 dias de janeiro de 2023. Já em 2024, foram 15 confirmações em igual período. Um aumento de 66,66%. Na cidade, foram notificados 92 casos suspeitos em janeiro (até o dia 19) de 2024 ante 39 em 2023, ou seja, um crescimento de 135,89%.

O diretor da Vigilância em Saúde de Americana, Antonio Donizeti Borges, disse que cidade tem 18 funcionários concursados e mais 20 de uma empresa terceirizada, que fazem a vistoria em 1,6 mil imóveis por dia. “Nós vamos continuar com esses trabalhos diários de casa-a-casa. O principal disso é a população estar nos ajudando e entender que o trabalho dos fiscais está tentando diminuir isso ou eliminar isso. O recebimento dos fiscais pra que não tenhamos epidemia como tivemos em 2014 que chegou a 9 mil casos”, relatou Donizeti.

O diretor de Políticas Públicas em Saúde de Santa Bárbara, Thiago Salomão de Azevedo, informou que a cidade teve 25 notificações de munícipes suspeitos de dengue em 2024. “Não temos nada fechado. Estamos aguardando os resultados dos exames. Esse momento agora é um momento crítico, principalmente agora no mês de janeiro, que é onde ocorre a maior proliferação dos mosquitos e os casos começam a aparecer e a epidemia começa a ser deflagrada nos próximos meses”, disse. No entanto, Santa Bárbara que tem 183 mil habitantes é a única cidade da região que informou não ter número de casos positivados. A Secretaria de Saúde confirmou que não recebeu nenhuma informação de confirmações até o dia 19 de janeiro.

A diretora das Vigilâncias em Saúde de Nova Odessa, Joseane Gomes, confirmou que foram 18 casos e sete reagentes (positivados) nos 15 primeiros dias do mês. Um aumento de 75% nos casos positivos. O município tem 62 mil habitantes. “No ano passado em janeiro, o total do mês todo foram 23 notificações e apenas quatro reagentes. Então, você já vê que tem uma diferença bem grande até entre um ano e outro”.

Ela explica que são 10 profissionais atuando no combate à doença, porém esse número deveria dobrar. “Eles fazem um excelente trabalho, mas é claro que a gente precisava de mais pessoas para poder dar conta da cidade toda. A cidade vem crescendo, os bairros aumentando e nossos agentes vão ficando insuficientes. Eu acho que o dobro pelo menos (é necessário). A equipe de arrastão precisava de mais 3 pessoas pelo menos. O caminhão nem é nosso. Ele é do setor de obras que empresta pra gente e já virou da dengue. Se tivesse outro, conseguiria fazer duas equipes”, diz a diretora.

São 7 agentes técnicos em endemia que visitam diariamente as casas e também no monitoramento da dengue e busca de criadouro. Além de uma equipe trabalha no chamado arrastão que ocorre em bairros específicos aos sábados, com uma encarregada da dengue, um ajudante e o motorista do caminhão para retirada dos criadouros.  “A preocupação vem desde o ano passado, com as ondas de calor e chuvas fora de época, segundo a diretora. “choveu muito e isso faz com que o mosquito acabe se proliferando mais rápido”, alerta Joseane.

Em Sumaré, a superintendente em endemias, Denise Barja, explica que a situação também é de alerta. “Enquanto estamos conversando, esse número já aumentou. Fica o alerta a população para separar 10 minutinhos para limpar suas casas. Hoje, temos o índice de Breteau no controle de em massa. Trabalhamos com 26 agentes, 4 monitores e de 4 a 5 equipes. Além dos agentes de saúde que fazem bairro-a-bairro, com a parte educativa. Estamos intensificando as tendas nas feiras”, comentou a superintendente.

O médico veterinário do programa de Arboviroses da Unidade de Vigilância de Zoonoses de Hortolândia, Douglas Presotto, comentou como é realizado o trabalho no município, que registrou 4 casos este ano contra 8 até o dia 15 de janeiro do ano passado, uma queda de 50%, mas ainda existem 85 casos em aberto na cidade, que possui 236 mil habitantes. “Quando nós temos um aumento da suspeita de casos de uma determinada região, é feito um trabalho de busca ativa de suspeitos, principalmente quando nós temos alguns casos positivados. Então, as esquipes da unidade de Vigilância de Zoonoses vão à campo e fazem a busca por novos casos relacionados à dengue ou arbovirose”, disse.

As secretarias municipais de todas as cidades pedem ajuda à população para que colaborem com as equipes de verificação e também de conscientização para não acumular água parada e olhar cada canto da casa.

Quais são os bairros em alerta?

Na cidade de Americana, a preocupação maior está nos bairros da região do pós-Anhanguera, que compreende os bairros Antônio Zanaga, Profilurb, Vila Bela, Jardim Brasil, Vale das Nogueiras, Praia dos Namorados, Praia Azul, São José, entre outros.

O índice de Breteau, que identifica a quantidade de larvas de mosquitos Aedes aegypti por meio de amostra residencial, aponta para o índice de 1.92 nesta região, ou seja, acima do índice satisfatório de até 1.0. Segundo a prefeitura, em 3.171 imóveis trabalhados em toda a cidade, o resultado foi de 1.1 entre os dias 3 e 16 de janeiro de 2024, também considerado de alerta.

“Onde teve maior incidência foi no Zanaga. Nós tivemos uma maior incidência. Encontramos um maior número com relação às larvas, mas não chegou a ultrapassar o índice. O índice encontrado não chegou a 1.0. Chegou a 0.9”, comentou o diretor da Vigilância em Saúde de Americana.

Em Santa Bárbara, a vigilância trabalha com armadilhas, chamadas de ovitrampas. Embora, o diretor de Políticas Públicas em Saúde afirme que a quantidade de larvas do mosquito diminuiu, a região da Vila Pântano está em estado de atenção, com alerta vermelho por conta da quantidade larvária.

“Nós temos 293 armadilhas espalhadas na área urbana do município, correspondendo a 100% de observação e, toda semana, os agentes de endemias vão visita-las e recolhem uma plaqueta de Eucatex. Com essa plaqueta, em laboratório, é contado o número de ovos”, detalhou o diretor.

Dos 25 casos confirmados em Sumaré, 15 são da região do Maria Antônia e os demais nos bairros São Luiz, São Jorge, Jardim Dall’orto e Parque Rosa e Silva. Já o bairro escolhido para um arrastão em Nova Odessa foi o São Manoel. Estava marcada uma ação para o dia 20 de janeiro, mas foi cancelada por conta da chuva e um outro arrastão está agendado para o dia 27 de janeiro na mesma região.

Mortes por dengue em 2023 na região

Em 2024, nenhum óbito pela doença foi confirmado até o momento. Em 2023, foram quatro mortes causadas pela dengue.

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