Nesta quarta-feira (3), a Câmara Municipal de Americana realizou uma audiência pública com o objetivo de debater medidas contra a poluição atmosférica na região do Cariobinha. O evento contou com a presença de parlamentares, do procurador jurídico da prefeitura de Americana, de Associações de Moradores, bem como dos próprios moradores da região, representantes de instituições e grupos interessados no tema.
O parlamentar Thiago Martins, responsável pela autoria do requerimento que motivou a audiência pública, destacou na abertura do evento a importância de discutir o tema que afeta o município como um todo: “Cariobinha é uma referência, pois é onde está localizada a Suzano Papel e Celulose. Portanto, ao debatermos esse problema, estamos abordando uma questão que afeta toda a cidade, não apenas Cariobinha. Atualmente, podemos mencionar alguns bairros afetados, mas isso varia conforme o dia, as condições climáticas e os ventos, acabando por atingir toda a cidade. É um problema muito sério que afeta Americana como um todo há muitos anos”, comentou Thiago.
SOBRE A QUEIXA DA POPULAÇÃO
Há anos a população da região do cariobinha vem se queixando sobre o forte odor e a fumaça expelida em grandes quantidades pela Suzano. O integrante do Conselho Municipal de Saúde de Americana, Márcio Yokoda, comentou durante a audiência sobre como a poluição da região pode afetar a saúde da população. “ Uma das coisas que sempre acontece, independente de ser inverno ou verão, é a questão do forte odor que eu sinto durante a madrugada. Então, eu te pergunto. Temos um monitoramento por parte da CETESB? Ele mede o nível de dióxido de enxofre? Diante desses fatos, eu fico na reflexão, quanto isso impacta realmente a saúde de quem mora ao redor. Nós não temos dados evidenciados até o momento, se as pessoas tiveram sérios problemas de saúde em decorrência disso” enfatizou Márcio.
A sanitarista e moradora da região, Maria Giovanna, falou sobre os problemas respiratórios que sua filha possui e como a poluição pode influenciar. “Eu sou mãe de uma criança de nove anos, que desde que nasceu sofre de problemas respiratórios graves. Dos inúmeros médicos que já fomos, pelo menos dois me disseram que o melhor que eu poderia fazer pela minha filha seria me mudar de Americana, que isso é o melhor que eu poderia fazer pela minha filha. A gente só muda esse jogo, a partir do momento que a prefeitura fiscalizar e controlar a qualidade do ar em Americana”, comentou Maria.
Além de um possível impacto na saúde da população da região, o mercado imobiliário é outro setor que sofre em decorrência do odor e da fumaça emitida pela empresa. O corretor de imóveis e morador da região, Frederico Faria, comentou sobre a questão durante a audiência: “Não foi nem uma, nem duas vezes que eu fui mostrar imóveis na região e que a pessoa nem quis entrar na casa para visitar. Nós que somos corretores, temos que torcer para que na hora da visita, a Suzano não esteja com as chaminés ligadas”.
POSICIONAMENTO DA SUZANO
A empresa Suzano não enviou representante à audiência pública. Ao ser questionada pela equipe do TODODIA, a empresa respondeu por meio de nota, que adota em seus processos as melhores práticas e tecnologias disponíveis, atendendo a todos os parâmetros e normas ambientais vigentes e que, todas as suas operações são licenciadas.