A Prefeitura de Piracicaba iniciou operação para retirada dos peixes mortos no bairro Tanquã, distante 60 km da cidade e atingido pela descarga irregular de resíduos no rio Piracicaba (leia abaixo). Toneladas de peixes de várias espécies, entre dourados, mandis, curimbatás e outros, apareceram mortos nas lagoas do Tanquã, bairro de pescadores e conhecido como minipantanal paulista, nesta segunda-feira (15). A Administração iniciou um plano de limpeza para o local e a retirada começa nesta sexta-feira (19). Uma estrutura de apoio às equipes será montada na Chácara Estrela.
Serão usados tratores aquáticos, que vão recolher o material e levá-lo até a margem, onde caminhões da terceirizada farão o carregamento e o transporte até o aterro sanitário, em Piracicaba, para dar o descarte correto ao material. Devido à formação do Tanquã, composto por lagoas e ilhas de vegetação flutuante, os peixes mortos, em vez de seguirem o curso do rio, ficaram presos em bolsões, nessas vegetações.
A Prefeitura, então, traçou o plano para a retirada desse material para evitar que ele se decomponha nas águas do Piracicaba e traga ainda mais danos ao meio ambiente.
ENTENDA O CASO
O primeiro registro de mortandade de peixes no rio Piracicaba ocorreu no domingo, dia 7 de julho. Na madrugada, o Semae (Serviço Municipal de Água e Esgoto) identificou alterações na oxigenação das águas do rio, às 4h, e agravamento às 6h, por meio da estação de monitoramento da autarquia.
Na sequência, ainda na manhã de domingo, a Simap (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Meio Ambiente) constatou irregularidades nas águas, quando os peixes começaram a aparecer. Em conjunto com o Semae e Pelotão Ambiental da Guarda Civil Metropolitana, a pasta acionou a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) de imediato. A companhia, então, elaborou laudo preliminar, por meio de amostras das águas, que identificou o descarte irregular de resíduos industriais no ribeirão Tijuco Preto, que deságua no rio Piracicaba. O ponto de descarte foi identificado pela Cetesb, sendo originário da Usina São José, instalada no município de Rio das Pedras.
Na última quinta-feira (11), uma força-tarefa criada pela Prefeitura realizou limpeza do material que ficou parado nas margens do Piracicaba. Foram recolhidas 2,97 toneladas de peixes mortos na área urbana do município. A equipe de trabalho foi composta pelas secretarias de Governo (Semgov), Simap, Semozel, Semae, Defesa Civil, Polícia Militar Ambiental, Agência PCJ, Fundação Florestal, Associação Amoporto, Instituto Beira Rio e Associação Remo Piracicaba.
Os peixes mortos foram encaminhados para a terceirizada responsável, a Piracicaba Ambiental, que fez o descarte correto, de modo a não permitir contaminação do solo ou da água. Nesta segunda-feira (15), uma semana após o primeiro episódio de mortandade de peixes na área urbana, a região do Tanquã foi atingida.
PUNIÇÕES E PREVENÇÃO
A Prefeitura acionou o Ministério Público para que notifique a Prefeitura de Rio das Pedras, onde a usina São José está localizada. O prefeito de Piracicaba, Luciano Almeida (PP), que atualmente é também presidente dos Comitês PCJ (rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí), solicitou à Cetesb, por meio de ofício no dia 11 de julho, autorização para instalação de três novas estações de monitoramento, sendo nos rios Atibaia e Jaguari e no ribeirão Tijuco Preto.
Após a emissão do laudo final pela Cetesb, que deve ocorrer nos próximos dias, ficarão determinadas as punições cabíveis à usina responsável, que incluem multa gravíssima e encaminhamento para apuração de crime ambiental, além de ajustes de conduta por parte da empresa. O valor da multa, segundo a Cetesb, pode variar de R$ 500 e R$ 50 milhões. A Prefeitura continua monitorando a qualidade da água do rio e também pretende exigir do responsável o repovoamento, com a soltura de alevinos.
O que diz a Usina São José?
A Usina São José S/A Açúcar e Álcool, com sede em Rio das Pedras, afirma que não é responsável pelos lançamentos que causaram as mortes dos animais.
“Após cinco inspeções realizadas por técnicos da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) nas dependências da Usina São José S/A Açúcar e Álcool, nada foi informado à empresa formalmente que explique o motivo ou a origem da mortalidade de peixes registrada nos últimos dias. Insinuações de envolvimento da usina nessa ocorrência são precoces e não tem, até agora, qualquer comprovação ou fundamento. A empresa considera precipitadas as notícias divulgadas nos últimos dias, citando poluentes que teriam sido liberados no Ribeirão Tijuco Preto e chegado ao Rio Piracicaba, a 42 quilômetros de distância. Lembra ainda que diversos incidentes envolvendo morte de peixes no Rio Piracicaba vem ocorrendo nos últimos anos, período este que a Usina São José estava inativa, tendo retomado suas atividades somente em maio deste ano. A empresa esclarece que não poupa esforços para colaborar plenamente com a Cetesb, a Polícia Ambiental e o Ministério Público, fornecendo todas as informações e acessos solicitados para garantir uma investigação transparente e justa, que leve às causas desse incidente”, disse através de nota divulgada à imprensa.