sexta-feira, 22 novembro 2024
TRAGÉDIA AMBIENTAL

Piracicaba inicia operação para retirada de peixes mortos do Tanquã

Já foram recolhidas 2,97 toneladas de peixes mortos na área urbana da cidade
Por
Henrique Fernandes
Foto: Divulgação/Prefeitura de Piracicaba

A Prefeitura de Piracicaba iniciou operação para retirada dos peixes mortos no bairro Tanquã, distante 60 km da cidade e atingido pela descarga irregular de resíduos no rio Piracicaba (leia abaixo). Toneladas de peixes de várias espécies, entre dourados, mandis, curimbatás e outros, apareceram mortos nas lagoas do Tanquã, bairro de pescadores e conhecido como minipantanal paulista, nesta segunda-feira (15). A Administração iniciou um plano de limpeza para o local e a retirada começa nesta sexta-feira (19). Uma estrutura de apoio às equipes será montada na Chácara Estrela.

Serão usados tratores aquáticos, que vão recolher o material e levá-lo até a margem, onde caminhões da terceirizada farão o carregamento e o transporte até o aterro sanitário, em Piracicaba, para dar o descarte correto ao material. Devido à formação do Tanquã, composto por lagoas e ilhas de vegetação flutuante, os peixes mortos, em vez de seguirem o curso do rio, ficaram presos em bolsões, nessas vegetações.

A Prefeitura, então, traçou o plano para a retirada desse material para evitar que ele se decomponha nas águas do Piracicaba e traga ainda mais danos ao meio ambiente.

ENTENDA O CASO

O primeiro registro de mortandade de peixes no rio Piracicaba ocorreu no domingo, dia 7 de julho. Na madrugada, o Semae (Serviço Municipal de Água e Esgoto) identificou alterações na oxigenação das águas do rio, às 4h, e agravamento às 6h, por meio da estação de monitoramento da autarquia.

Na sequência, ainda na manhã de domingo, a Simap (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Meio Ambiente) constatou irregularidades nas águas, quando os peixes começaram a aparecer. Em conjunto com o Semae e Pelotão Ambiental da Guarda Civil Metropolitana, a pasta acionou a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) de imediato. A companhia, então, elaborou laudo preliminar, por meio de amostras das águas, que identificou o descarte irregular de resíduos industriais no ribeirão Tijuco Preto, que deságua no rio Piracicaba. O ponto de descarte foi identificado pela Cetesb, sendo originário da Usina São José, instalada no município de Rio das Pedras.

Na última quinta-feira (11), uma força-tarefa criada pela Prefeitura realizou limpeza do material que ficou parado nas margens do Piracicaba. Foram recolhidas 2,97 toneladas de peixes mortos na área urbana do município. A equipe de trabalho foi composta pelas secretarias de Governo (Semgov), Simap, Semozel, Semae, Defesa Civil, Polícia Militar Ambiental, Agência PCJ, Fundação Florestal, Associação Amoporto, Instituto Beira Rio e Associação Remo Piracicaba.

Os peixes mortos foram encaminhados para a terceirizada responsável, a Piracicaba Ambiental, que fez o descarte correto, de modo a não permitir contaminação do solo ou da água. Nesta segunda-feira (15), uma semana após o primeiro episódio de mortandade de peixes na área urbana, a região do Tanquã foi atingida.

PUNIÇÕES E PREVENÇÃO

A Prefeitura acionou o Ministério Público para que notifique a Prefeitura de Rio das Pedras, onde a usina São José está localizada. O prefeito de Piracicaba, Luciano Almeida (PP), que atualmente é também presidente dos Comitês PCJ (rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí), solicitou à Cetesb, por meio de ofício no dia 11 de julho, autorização para instalação de três novas estações de monitoramento, sendo nos rios Atibaia e Jaguari e no ribeirão Tijuco Preto.

Após a emissão do laudo final pela Cetesb, que deve ocorrer nos próximos dias, ficarão determinadas as punições cabíveis à usina responsável, que incluem multa gravíssima e encaminhamento para apuração de crime ambiental, além de ajustes de conduta por parte da empresa. O valor da multa, segundo a Cetesb, pode variar de R$ 500 e R$ 50 milhões. A Prefeitura continua monitorando a qualidade da água do rio e também pretende exigir do responsável o repovoamento, com a soltura de alevinos.

O que diz a Usina São José?

A Usina São José S/A Açúcar e Álcool, com sede em Rio das Pedras, afirma que não é responsável pelos lançamentos que causaram as mortes dos animais.

“Após cinco inspeções realizadas por técnicos da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) nas dependências da Usina São José S/A Açúcar e Álcool, nada foi informado à empresa formalmente que explique o motivo ou a origem da mortalidade de peixes registrada nos últimos dias. Insinuações de envolvimento da usina nessa ocorrência são precoces e não tem, até agora, qualquer comprovação ou fundamento. A empresa considera precipitadas as notícias divulgadas nos últimos dias, citando poluentes que teriam sido liberados no Ribeirão Tijuco Preto e chegado ao Rio Piracicaba, a 42 quilômetros de distância. Lembra ainda que diversos incidentes envolvendo morte de peixes no Rio Piracicaba vem ocorrendo nos últimos anos, período este que a Usina São José estava inativa, tendo retomado suas atividades somente em maio deste ano. A empresa esclarece que não poupa esforços para colaborar plenamente com a Cetesb, a Polícia Ambiental e o Ministério Público, fornecendo todas as informações e acessos solicitados para garantir uma investigação transparente e justa, que leve às causas desse incidente”, disse através de nota divulgada à imprensa.

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