domingo, 24 novembro 2024
PRIMEIROS ÓBITOS DA DOENÇA NO MUNDO

Ministério da Saúde confirma duas mortes por febre oropouche no Brasil

Os casos são de mulheres do interior do estado da Bahia, com menos de 30 anos e sem comorbidades
Por
Isabela Braz
Foto: INPA/L.P.C. Carvalho

O Ministério da Saúde confirmou nesta quinta-feira (25) duas mortes por febre oropouche no país. Segundo a pasta, esses são os primeiros relatos de óbitos por essa doença em todo o mundo.

Os casos são de mulheres do interior do estado da Bahia, com menos de 30 anos, sem comorbidades, mas que tiveram sinais e sintomas semelhantes a um quadro de dengue grave.

Segundo a Secretaria de Estado da Saúde da Bahia, a primeira morte, de uma mulher de 24 anos residente em Valença, ocorreu no dia 27 de março. O segundo, de uma mulher residente em Camamu de 21 anos, foi registrado no dia 10 de maio.

CASOS

Em 2024, foram registrados 7.236 casos de febre do oropouche, em 20 estados brasileiros. A maior parte dos casos foi registrada no Amazonas e em Rondônia. De acordo com o Ministério da Saúde, o Estado de São Paulo não teve nenhum caso de contaminação no ano.

Estão em investigação também seis casos de transmissão vertical, quando passa de mãe para filho. São 3 casos em Pernambuco, 1 na Bahia e 2 no Acre. Dois casos evoluíram para óbito fetal, houve um aborto espontâneo e três casos apresentaram anomalias congênitas, como a microcefalia.

As análises estão sendo feitas pelas secretarias estaduais de saúde e especialistas, com o acompanhamento do Ministério da Saúde, para concluir se há relação entre a febre do oropouche e casos de malformação ou abortamento.

Até o momento, não há tratamento específico para a febre oropouche. A terapia atual apenas alivia os sintomas.

ÓBITOS EM INVESTIGAÇÃO

A investigação dos casos foi feita pela Secretaria de Estado da Saúde da Bahia. Continua em investigação 1 óbito em Santa Catarina e foi descartada a relação causal por febre do oropouche de um óbito ocorrido no Maranhão.

De acordo com a pasta, a detecção de casos de febre do oropouche foi ampliada para todo o país em 2023, após o Ministério da Saúde disponibilizar de forma inédita testes diagnósticos para toda a rede nacional de Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacen). Com isso, os casos, até então concentrados na região Norte, passaram a ser identificados também em outras regiões do país.

“O Ministério da Saúde mantém monitoramento de casos e possíveis óbitos por oropouche por meio da Sala Nacional de Arboviroses, com diálogo constante com as secretarias estaduais e municipais de saúde. O acompanhamento tem sido realizado também por meio de visitas técnicas, investigação in loco, busca ativa e pesquisa vetorial em apoio à resposta local dos estados e municípios”, disse o Ministério em nota.

FEBRE OROPOUCHE

A febre Oropouche é uma doença viral. O vírus Orov é transmitido, principalmente, por meio da picada de um mosquito conhecido como maruim (Culicoides paraensis), bem como por espécies do mosquito Culex. No Brasil, o vírus foi isolado pela primeira vez em 1960.

Foi identificada no país a partir de amostra de sangue de uma bicho-preguiça (Bradypus tridactylus) capturada durante a construção da rodovia Belém-Brasília. Desde então, casos isolados e surtos foram relatados no Brasil, principalmente nos estados da região Amazônica.

Também já foram relatados casos e surtos em outros países das Américas Central e do Sul (Panamá, Argentina, Bolívia, Equador, Peru e Venezuela).

O ministério explicou que a febre oropouche pode ser confundida com a dengue. A doença evolui com febre de início súbito, cefaleia (dor de cabeça), mialgia (dor muscular) e artralgia (dor articular). Outros sintomas como tontura, dor retro-ocular, calafrios, fotofobia, náuseas e vômitos também são relatados.

Os sintomas duram cerca de dois a sete dias. Mas, até 60% dos pacientes podem apresentar recorrência dos sintomas, após uma a duas semanas a partir das manifestações iniciais. A maioria das pessoas tem evolução benigna e sem sequelas, mesmo nos casos mais graves.

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