sábado, 27 abril 2024

Orgulho em ser um LGBTQIA+

Por muito tempo reneguei quem eu sou e amenizei meus sentimentos por medo do que as pessoas pensariam. Também é fato que não me sentia representado pela figura caricata, massificada frequentemente pela grande mídia através dos programas de TV.

O mês do orgulho LGBTQIA chegou ao fim, mas eu não poderia deixar de falar sobre esse movimento tão importante, e também representar àqueles que buscam por isto.

Em minha memória tenho recortes da infância que já apontavam minha orientação sexual. E desde lá já lidava com alguns “presta atenção” promovidos por frases como “descruza essa perna”, “isso é coisa de menina” e afins. Sempre que ouvia, isso me entristecia, pois no fundo acreditava que não havia problema algum, afinal eu era apenas uma criança.

Cresci com o entendimento de que ser um homem gay era errado. Então, claramente sempre busquei por relacionamentos heterossexuais e que com o tempo foram se tornando insustentáveis.

Na adolescência, mais especificamente na escola, alunos me apontavam como gay, fazendo chacota, bullying nos dias de hoje, mas que na época ainda não possuía essa nomenclatura.

“Gayzinho”, “viado”, “baitola”, “bicha” e por aí vai. Confesso que, apesar de hoje reconhecer ser mais sensível, sentimental e afeminado que outros meninos, na época não me sentia assim, não me via dessa forma, e portanto, isso me magoava.

O fardo foi tão grande que caí em depressão. Não conseguia ir à escola e me sentia mal na presença de algumas pessoas. A religião que seguia, e que prega a homossexualidade como algo ruim ou uma doença, era preponderante para que eu me condenasse. Não se enganem. O que igrejas devem fazer é acolher a todos com amor, como ensinamento deixado por Cristo.

O primeiro manifesto da minha homossexualidade foi ao sonhar com um amigo. Aquele sonho mexeu comigo e me fez dividir este sentimento com uma amiga, a Naiara Candida, a qual tenho eterno carinho e gratidão. Ela foi a primeira a saber, pelo menos pela minha própria boca.

Dali em diante, não melhorou muita coisa, pois fui cercado de muita maldade por parte dos demais colegas. Tudo começou a se alinhar quando entrei para a faculdade. Lá me senti livre para ser quem eu era e para iniciar e dividir experiências com amigos e outros LGBTs. Foram mais de 10 anos para aceitar quem realmente sou e entender que não importa sua orientação sexual ou a pessoa que você se relaciona, mas sim o seu caráter, o amor que você decide espalhar e o propósito diário que te motiva a sair da cama ao acordar.

Para contar aos meus pais, escrevi uma carta à cada um. Contei tudo desde o início e como me sentia. Em primeiro momento não foi muito confortável a situação, mas o tempo se encarregou de ajustar todos os pontos.

Hoje, sinto orgulho em pertencer a uma comunidade, que como todas as outras, possui defeitos, posicionamentos, muitas vezes, incoerentes e discriminatórios entre si mesma, mas que me faz sentir acolhido e em um movimento que conscientiza e acolhe todos aqueles que não se sentem representados.

No último dia de 2015 conheci meu namorado, o qual me acompanha nessa jornada há quatro anos e meio e que sonhamos juntos, diariamente, formar uma família e trilhar esse caminho chamado vida.

Escrito por: Marcos Barbosa | JORNALISTA E APRESENTADOR

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