sexta-feira, 22 novembro 2024
AGOSTO LILÁS

Conscientizar e combater a violência doméstica se torna um esforço coletivo

Durante o mês de agosto, campanhas e ações são realizadas para informar, apoiar e encorajar as vítimas a romperem o silêncio.
Por
Felipe Gomes

Na teoria, o amor e o cuidado devem ser a base de todas as relações, no entanto a realidade da violência doméstica ainda assombra a vida de muitas mulheres no Brasil e no mundo. O mês de agosto é marcado pela campanha “Agosto Lilás”, realizada em todo o território nacional – ferramenta utilizada para conscientização e mobilização no combate dessa problemática que afeta milhões de mulheres.

Por mais cruel que a violência doméstica seja, a realidade sempre nos mostra que, infelizmente, o crime ainda está presente na vida de diversas famílias. É o caso de uma mulher de Americana que, no último dia 28 de julho, foi agredida pelo ex-marido. Em decorrência das agressões, a vítima fraturou a coluna e a perna. “Eu escutei o alarme do meu carro e achei que alguém estava tentando roubá-lo. Quando abri o portão, era o meu ex-marido. Ele já estava quebrando o carro com uma pedra. Depois, ele já me pegou e rasgou a minha roupa. Eu fiquei sem roupa na rua e ele começou a jogar pedras, começou a me dar socos, me chutar e me xingar bastante com coisas horríveis”, contou a vítima.

Por conta das agressões, a vítima não consegue mais exercer tarefas básicas do cotidiano, necessitando da ajuda de sua filha de 15 anos para as tarefas domésticas. Além disso, ela perdeu um de seus empregos e reprovou no estágio profissional que fazia.

“Fraturou minha coluna, a lombar transversal L2 e L3. Eu sinto muita dor. Perdi o trabalho da manhã onde eu era contratada. E eu quero que isso sirva de exemplo para as mulheres, isso que eu estou fazendo, me expor de certa maneira. A gente abre mão de muita coisa quando aceita o primeiro tapa”, relatou.

“Combater a violência doméstica é questão de de políticas públicas”, diz especialista

A violência doméstica é um problema de políticas públicas e exige uma resposta efetiva e integrada de diversas instituições do Estado. No âmbito da segurança pública, a subcomandante da GCM (Guarda Civil Municipal) de Santa Bárbara D´Oeste, Juliana Rodrigues realiza um trabalho de acolhimento dessas vítimas.

“Nós temos a patrulha do Anjo da Guarda da Mulher, que é uma equipe especificamente capacitada e que tem um trabalho humanizado de acolhimento às vítimas de violência doméstica, onde são fiscalizadas as medidas protetivas de urgência dos casos, além da fiscalização e monitoramento dessas vítimas”, contou Juliana.

Nos casos classificados como graves, a instituição utiliza o botão do pânico para amparar as mulheres do município. “Nos casos mais graves, nós colocamos no botão do pânico; ofertamos para a mulher este aplicativo no celular porque é um caso que requer mais prioridade e mais cuidado. Então, a mulher que está em situação de vulnerabilidade tem essa ferramenta para solicitar a viatura o quanto antes. Diariamente é realizado um monitoramento nas residências dessas assistidas do programa”.

A violência doméstica não deixa apenas marcas físicas. As consequências emocionais e psicológicas podem ser devastadoras e duradouras.

Em conversa com a equipe da TVTODODIA, a psicóloga Ana Martins comentou sobre como as mulheres são atingidas psicologicamente pela violência doméstica.

“A curto prazo, essas mulheres podem vivenciar diversos sintomas que estão presentes em muitos transtornos mentais. Como por exemplo: hipervigilância, estresse, medo, tensão e ansiedade constante; diminuição da autoestima dessa mulher; insegurança; desesperança; entre outros sintomas. Esses sintomas podem trazer consequências persistentes na saúde mental das mulheres. Além disso, eles podem se tornar transtornos mentais mais graves, impactando a vida emocional, social e profissional dessas mulheres”, explicou.

A psicóloga afirma ainda que o combate à violência doméstica é um problema de saúde pública e que o esforço para lidar com o tema se torna coletivo. “A questão da violência contra a mulher é um problema de saúde pública. A intervenção precoce se torna substancial para que possamos prevenir a gravidade das consequências. Além disso, quando falamos dos relacionamentos violentos, o cenário que temos é que esses relacionamentos começam com violências físicas, mas às vezes essas violências podem começar de formas mais sutis, como por exemplo: a violência psicológica”, comentou Ana.

Foto: Reprodução/ Freepick
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