segunda-feira, 25 novembro 2024

O país do marica

Dia 10 de novembro entrará para a História como o dia dos disparates presidenciais. O presidente Bolsonaro iniciou seu dia tripudiando a morte de um cidadão brasileiro que participava dos testes da vacina Coronavac. Atribuiu à vacina: “morte, invalidez, anomalia”, o que não é verdade. Atribuiu a vacina ao governador Doria e ainda comemorou: “Mais uma que Jair Bolsonaro ganha!”. Inacreditável! 

O presidente ainda ameaçou os Estados Unidos: “Quando acaba a saliva, tem que ter pólvora!”, como se ele, que já foi militar um dia, tivesse alguma competência ou valentia. Aliás, para completar o desvario, afirmou que somos um país de maricas. 

Diz a sabedoria popular que quem acusa muito os defeitos alheios, subliminarmente, quer esconder os mesmos defeitos que tem. Parece ser o caso do valente de botequim (expressão caipira para quem se diz valente tomando umas) que defende que o cidadão deva andar armado e ele mesmo sempre portou uma arma. 

Noticiou a Tribuna da Imprensa que, em 4 de julho de 1995, Bolsonaro ia de moto no início da Rua Torres Homem, em Vila Isabel, quando dois bandidinhos o abordaram… Ele teve a grande oportunidade de mostrar como fazer. E como o falante reagiu? Sacou sua pistola gloriosa e matou os bandidinhos? Não, “borrou as calças” (como admitiu ao jornal, “mesmo armado me senti indefeso”), entregou a moto, a carteira e a Glock 380… Então ele correu para a polícia e, valentemente, com duas viaturas, foram caçar os bandidos… Sem encontrar nenhum. Uma curiosidade, a delegada era a Marta Rocha. 

Sobre a vacina, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e a Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa) foram comunicadas na sexta-feira, dia 6, sobre a morte de um voluntário que tomou a Coronavac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan. 

Diferentemente da Anvisa, a Conep pediu uma audiência com representantes do Instituto Butantan, no mesmo dia, por videoconferência. Pediram explicações e concluíram que não era o caso de suspender. 

Já a Anvisa só tomou ciência dia no dia 9, às 18h24. Alegaram que foi por causa de uma invasão no sistema feita por hackers. Então, resolveu suspender o teste, enviou email ao Butantan, às 21h04 (sei lá, né, de repente o Butantan dê expediente 24 por dia) e, às 21h25, comunicou a imprensa com um texto que induz a acreditar que a vacina cause morte, invalidez e anomalia. 

É difícil não acreditar que houve má-fé: a nota assustadora na noite, o presidente que comemorou a suspensão dos testes sabendo detalhes. E o almirante que já se mostrou um fiel escudeiro ao acompanhar o presidente em uma manifestação sem máscara. 

O Brasil não precisa de inimigos externos, já temos um general sem conhecimentos de guerra biológica e que não consegue nem contar mortos em batalha contra o coronavírus e muda o software sem testar antes, incrível? E temos também um almirante despatriota, que trabalha contra a Pátria, já que cada dia sem uma vacina significa 500 mortes evitáveis. O Brasil precisa de uma ação dura dos deputados e senadores. 

 

Escrito por: Mario Eugênio Saturno | Tecnologista Sênior do INPE 

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