No dia, 31/10, foi comemorado o Dia da Reforma Protestante, um movimento tão importante em sua época que é estudado, inclusive, na matéria de História das Escolas Públicas e Particulares.
Talvez, esse movimento fosse comemorado em seus primeiros séculos, visto que proporcionou uma grande mudança de paradigmas à fé de viés cristão. Porém, nas últimas décadas, já não sei mais dizer se há o que se comemorar, uma vez que, nessas mesmas décadas, temos observado o movimento protestante passando por um processo de novo adoecimento e afastamento dos motes da Reforma do Séc. XVI: Somente Cristo, Somente a Fé, Somente a Graça, Somente as Escrituras e Somente a Deus a Glória.
Desde o Século XX temos acompanhado, pelo menos em solo brasileiro, o empobrecimento espiritual da cristandade. A teologia da prosperidade, a eleição da relação capitalista como o novo divino cristão, destituiu, até em muitas denominações tradicionais reformadas, os valores pelos quais os reformadores lutaram e, alguns, até morreram.
Sim, a fé está, novamente, no mercado financeiro das instituições religiosas. O clero, mais uma vez, negocia com as necessidades e carências das pessoas, vendendo as novas indulgências. Vende-se prosperidade, resolução de problemas pessoais, conjugais, profissionais, familiares; ensina a barganha com o divino; explora o sofrimento, a insegurança e a ambição de seus fiéis. O resultado disso é nítido: o nome de líderes religiosos presente na lista das pessoas mais ricas do país; o nome de denominações que detém mais ativos do que grandes e tradicionais empresas, aliás, acerca disso, já escreveram livros, um deles: “Pequenas Igrejas, grandes negócios” (Autor: Fabiano Fernandes Gomes). Nas igrejas mais tradicionais, embora a capitalização da fé seja, aparentemente, menor, muitos membros tratam tais denominações a partir de um comportamento de clientela, ou seja, pesquisam no cardápio religioso as igrejas que oferecem para si o melhor “banquete” e, daí, temos os mais variados: as de liturgia mais pop, as sem liturgia, as que não cobram dízimo, as que não pedem compromisso, as que se apresentam com nomes em inglês, grego ou hebraico, enfim, cada cliente vai procurar no longo e diverso cardápio, aquilo que lhe pareça mais confortável. Pouquíssimas denominações escapam do sistema capitalizado da fé. Me parece, que as que tentam escapar, estão em processo de declínio e morte.
Desta forma, fico me perguntando: o Dia da Reforma Protestante do Século XVI, é um dia de Comemoração para o Protestantismo Brasileiro? Tenho sérias dúvidas. Talvez seja um dia pra se lembrar dos reformadores e, dada nossa condição, prantearmos. Mas prantear é sinônimo de fraqueza e, até onde percebo, a fraqueza não pertence ao novo contexto da nova fé. Então, talvez seja melhor a apatia. Que triste (ah, tristeza também não pode, é pecado).