O número de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) teve queda de 37,4% na região nos últimos quatro anos, passando de 302 em 2020 para 189 em 2024.
Os dados fazem parte do estudo “A Medicina Intensiva no Brasil: perfil dos profissionais e dos serviços de saúde”, divulgado pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib).
Entre as cidades apuradas pela reportagem (Americana, Hortolândia, Nova Odessa e Santa Bárbara d’Oeste), Americana é atualmente o município com maior número de leitos, com 92 deles, sendo a única cidade a manter maior quantidade de leitos em comparação a quatro anos atrás – em 2020 eram 87.
Segundo recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde, a relação ideal de leitos de UTI é de 1 a 3 leitos para cada 10 mil habitantes.
Americana, que possuí 237.240 habitantes segue essa recomendação. Atualmente, 25% desses leitos disponíveis são operados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os demais, 75% estão no sistema suplementar.
Santa Bárbara d’Oeste vem logo atrás. O município possui 24 leitos, tendo uma queda de cerca de 54% no número de leitos, quando comparado a 2020, em que contava com 52 leitos. Ao contrário de Americana, o município tem o maior percentual de leitos pelo SUS do que pelo sistema complementar, com 52,6% dos leitos.
Hortolândia também teve queda expressiva. A cidade passa de 59 leitos em 2020 para apenas 19 em 2024, sendo 52,6% deles do SUS.
Nova Odessa inaugurou sua primeira UTI em julho deste ano contando com quatro leitos gerais e um de isolamento, para pacientes com doenças infectocontagiosas, com sistema de exaustão e purificação de ar próprios. Mas durante o pico da pandemia, contou com alas de unidade para atender a demanda, chegando ao máximo de 12 leitos de acordo com a pesquisa. Todos os leitos atuais atendem a rede municipal de saúde.
SALTO NA PANDEMIA
Iniciada em março de 2020, a pandemia de covid-19 deu um salto expressivo no número de leitos em todo o território nacional. No total, 104.457 leitos eram apresentados em 2021 e 104.563 em 2022, aumentados para dar conta das demandas da alta de casos de internação durante a pandemia.
Em somatória da região, 2021 teve durante os picos da pandemia, 356 leitos em 2021, sendo 123 em Americana, 49 em Hortolândia, 12 em Nova Odessa e 91 em Santa Bárbara.
Já em 2022, eram 322 num total, já tendo um leve declínio, sendo 119 em Americana, 10 em Nova Odessa e 66 em Santa Bárbara. Hortolândia se manteve com os 49 leitos nesses dois anos consecutivos.
Após o pico, a queda foi progressiva. Americana contava com 95 leitos, Hortolândia 19, Nova Odessa com 0 e Santa Bárbara com 24.
O que dizem as prefeituras
A TV TODODIA questionou as secretarias de Saúde das cidades mencionadas para avaliarem as reduções em determinadas datas.
A secretaria de Saúde de Americana destacou que a manutenção provisória de leitos foi feita para absorver a demanda durante o período da pandemia de Covid-19.
Conforme explicam, a redução pode ser atribuída a diversos fatores, incluindo a readequação dos recursos pós pandemia ou mudanças na demanda. Inclusive destaca que houve a ampliação dos leitos de UTI, com o financiamento pelo SUS de 10 leitos (legados da pandemia).
“Essa ampliação foi fundamental para aumentar a capacidade de atendimento no município, visto que atualmente são 24 leitos de UTI, sendo 17 destinados ao público adulto e 7 leitos de UTI neonatal. Ressalta-se que as demais variações na oferta desses leitos ocorreram na rede privada, de acordo com suas próprias demandas“, finaliza.
Hortolândia ressaltou que durante a pandemia, nos anos 2020 e 2021, contou com 10 leitos de UTI, no Hospital Municipal Mario Covas e desde 2022, mantém os 10 leitos de UTI para adultos no Hospital Municipal Mario Covas.
Santa Bárbara d’Oeste afirma que com relação aos leitos convencionais, o Município dobrou o número de UTI pelo SUS nos últimos anos, passando de 10 para 20 no Hospital Santa Bárbara | Santa Casa. “Vale ressaltar que o quantitativo mencionado (24) considera, inclusive, leitos da rede privada existentes no município”, diz.
A pasta ainda reforçou que estão em andamento as obras dos leitos de UTI Pediátricos no Hospital, para a implantação de 10 leitos destinados às crianças, ampliando esse número nos próximos anos.