segunda-feira, 23 dezembro 2024
Análise

Brasilidade

Rev. André Luís Pereira
Por
Rev. André Luís Pereira
Foto: Arquivo pessoal

Esses dias, nos preparativos do aniversário da minha filha, fui a algumas lojas de decoração para comprar os itens decorativos da festinha. Minha filha fez 4 anos e o tema escolhido por ela para a decoração foi o Sítio do Pica Pau Amarelo.

Desde quando ela nasceu, na rotina do sono, eu sempre conto histórias do Sitio. É claro que, com o passar dos anos, acrescentei muitas outras histórias para a turminha de Monteiro Lobato. Então, é quase que esperado a escolha da minha filha pelas personagens do Sítio.

Acontece que, pra minha surpresa e decepção, numa das lojas onde fomos pesquisar, só haviam personagens do universo Disney, a saber, princesas para as meninas e super heróis para os meninos. Não havia nenhuma personagem das histórias de nossos escritores.

Na semana em que fui nesse referido comércio, havia um enorme estoque e uma farta decoração de Halloween. Então, pensei: “puxa, como a gente está perdendo a nossa brasilidade ante a cultura americana”. Isso é muito triste. Temos nossa própria cultura, nossas próprias personagens literárias, como os do Sítio do Pica Pau Amarelo, a Turma da Mônica, o Menino Maluquinho, a trupe do nosso Folclore, enfim, temos aquilo que é nosso, que dialoga com nosso povo, com nossa cultura latino-americana, então, por que será que
permitimos que sejamos engolidos por uma filosofia e cultura imperialistas?

Talvez, isso que já identificamos nas lojas de decoração Infantil (e também nas lojas de brinquedos) fale muito sobre um processo de desculturação. Muitos brasileiros desconhecem sua cultura, seu povo, sua música, suas
origens, seu folclore, seus escritores, suas produções cinematográficas. Valorizamos o que vem de fora, pois a palavra “importado” tem conotação de importante e, assim, nossa brasilidade vai se pulverizando.
Nossa produção interna tem sofrido por causa dos produtos importados.

Na cidade onde moro, grandes empresas foram à falência por conta dos produtos chineses. Pequenos comerciantes fecharam seus negócios por conta de sites de importação, os quais, por possuírem outro tipo de carga tributária, têm preços mais baixos, porém, poucos se importam com o aumento de desempregos e endividamento decorrentes dos importados que se tornaram importantes.

Além disso, temos de considerar que programas sociais e assistenciais, rede pública de ensino e saúde do nosso país recebem grandes aportes provindos dos impostos que pagamos sobre aquilo que produzimos ou
comercializamos. É necessário e urgente que retomemos nosso olhar para nossa cultura,
nossas produções, nosso povo. Com isso, não estou propondo um ostracismo comercial ou cultural, estou apenas pontuando a importância de não perdermos, sob nenhuma circunstância, a nossa linda, rica e poderosa
brasilidade.

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