Agosto foi o mês de 2020 com menos pedidos para obtenção do seguro-desemprego na região. Juntas, Americana, Hortolândia, Nova Odessa, Santa Bárbara d’Oeste e Sumaré registraram 2.405 requerimentos para obter o benefício mês passado, o menor patamar do ano e do período de quarentena do novo coronavírus.
Especialista, comerciantes e industrial acreditam que essa queda se deve ao início da retomada econômica e das contratações. Os dados são do Ministério da Economia.
A economista Eliane Rosandiski, professora extensionista do Observatório da PUC-Campinas (Pontifícia Universidade Católica), que acompanha os indicadores de emprego, acredita que o resultado é decorrente das retomada das atividades econômicas, mesmo que parcialmente ainda, autorizadas pelo governo estadual.
“Provavelmente deve estar acontecendo a continuidade do movimento de recontratação de vagas perdidas nos meses mais intensos do ajuste. Além disso, muitos que perdem emprego não são elegíveis para receber o seguro-desemprego, pois podem ter trabalhado menos tempo que o necessário para ter direito ao benefício”, explicou a economista.
Presidente da Acia (Associação Comercial e Industrial de Americana), Wagner Armbruster, observa uma movimentação do setor produtivo, no comércio e das empresas de prestações de serviços.
“O que está ocorrendo é sim a fragmentação de alguns comércios que estão se adequando ao novo modelo de vendas através de aplicativos. Percebemos também que o setor de serviços, preferencialmente ao que refere a entregas, tem ampliado horizontes”, avaliou Armbruster.
“As informações que chegam até nós demonstram sim uma expectativa de mudanças positivas e otimistas. Acreditamos que com o suceder dos dias e com a maior flexibilidade dos horários do comércio teremos sim um retorno ao consumo e ao novo normal com maiores possibilidades de empregabilidade. A Acia está se postando otimista frente as solicitações e demandas apresentadas pelos nossos sócios”, avaliou.
Para o presidente da Acias (Associação Comercial e Industrial de Sumaré), Juarez Pereira da Silva, a queda do número de pedidos de seguro-desemprego é reflexo do início da retomada lenta, mas ascendente, das atividades econômicas da região.
“Estamos há mais de um mês na fase amarela, sem retroceder. Isto favoreceu a retomada de diversas atividades econômicas e refletiu na geração de novos empregos”, analisou Pereira.
De fato, desacelerou o ritmo das demissões, avalia o presidente da Acisb (Associação Comercial e Industrial de Santa Bárbara d’Oeste), João Batista de Paula Rodrigues.
“Entendo que está havendo menos demissões que o trimestre anterior. O comércio ainda está contratando pouco. A partir de outubro esperamos haver mais contratações pelo comércio em função das vendas do Natal”, ressaltou Rodrigues.
A avaliação é similar do presidente da Acino (Associação Comercial e Industrial de Nova Odessa), Samuel Jesuíno Teixeira.
“Alguns se reinventaram para passar pela pandemia e talvez isso tenha contribuído para não ocorrer tantos pedidos de seguro-desemprego. Isso é uma prova de que o mercado está voltando a se aquecer”, avaliou Teixeira. “Isso demonstra que estamos saindo dessa crise e com certeza vai diminuir o seguro-desemprego e o desemprego”, avaliou Teixeira.
QUEDA BRUSCA NAS VENDAS ATINGE 68%
Seis meses de pandemia. Um período que os empresários da região querem esquecer. Nada menos que 68% dos empreendedores vinculados ao Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) Campinas acusaram queda brusca das vendas durante o período. Diante da situação, 37% de todas empresas pesquisadas tiveram de demitir e cortar despesas para manter as portas abertas.
O quadro – revelado por sondagem da delegacia regional do Centro das Indústria do Estado de São Paulo – foi apresentado à imprensa durante a semana. Os dados refletem os efeitos negativos de um semestre inteiro de negócios paralisados e produção em ritmo lento.
De acordo com a pesquisa elaborada junto a 494 empresas associadas – de todos os portes e dos mais diversos segmentos de atuação -, a economia estagnou.
Com o comércio de portas fechadas, a indústria deixou se produzir, cortou cargos e salários, e o público deixou de ter dinheiro para consumir.
O alento, na visão de José Nunes Filho, diretor do Ciesp Campinas, é que os empreendedores renovaram suas estratégias e passaram a adotar novas políticas de produção e controle interno.
Adotaram o trabalho remoto 72% deles. Seguramente, a situação inaugurou uma nova relação entre empregadores e empregados, que deve continuar adotada enquanto os níveis de produção e vendas não voltarem aos patamares de antes da pandemia. E isso vai levar tempo.
A maioria dos empresários que responderam à sondagem acredita – 43% – que a retomada plena das atividades vai demorar até seis meses. Mas há gente mais pessimista. Para 21% dos ouvidos, a retomada vai demorar pelo menos um ano. Então, a manutenção de regras de austeridade deve seguir, até se tornar permanentes, como novas diretrizes administrativas.
Outra constatação da pesquisa denota os novos tempos da atividade industrial. De todas as empresas ouvidas na pesquisa, 25% desenvolveram novos produtos e serviços para sobreviver no mercado. E 20% delas aderiam ao sistema on-line de entregas.
SETOR TEXTIL: AUMENTA O PEDIDO LOCAL
Essa queda nos indicadores do seguro-desemprego também são um demonstrativo que o setor têxtil da região foi beneficiado com a retomada das atividades e das contratações. Os pedidos pelos produtos brasileiros aumentaram nesta pandemia, o que favorece o aumento das vendas dos artigos fabricados na região.
A análise é feita pelo industrial Leonardo José de Sant’Anna, presidente do Sinditec (Sindicato das Indústrias Têxteis de Americana, Santa Bárbara d’Oeste, Nova Odessa e Sumaré).
O sindicato não fez pesquisa sobre recontratações, mas o presidente acredita que a tendência seja novas contratações, o que impacta na queda dos indicadores do seguro-desemprego.
Um aspecto que chamou a atenção do presidente do Sinditec é que está havendo migração para produtos brasileiros, neste período de pandemia.
Em razão da demora da chegada dos produtos chineses, especialmente para repor os estoques para o final do ano, os varejistas estão deixando de importar confeccionados da China e optaram pelo produto nacional – inclusive das indústrias da região.
Outra explicação é o aumento do dólar. Sant’Anna explicou que o setor têxtil observa uma retomada em “V”, ou seja, teve uma queda acentuada da produção e do faturamento e retoma atividades de uma vez.
“Ficamos praticamente quatro meses com redução das vendas ao consumidor. Uma parte vendeu por e-commerce como magazines. As lojas estão reabrindo e precisam repor os estoques”, explicou o industrial.