Apesar de a RMC (Região Metropolitana de Campinas) registrar o melhor resultado na geração de empregos desde fevereiro deste ano, com saldo positivo nos postos com carteira assinada, em agosto, o número ainda é insuficiente para repor as perdas ocasionadas no acumulado do ano.
A eliminação dos postos foi um dos efeitos da redução da atividade econômica imposta pelas restrições para conter o avanço do novo coronavírus.
Dezoito das 20 cidades que integram a RMC tiveram saldo positivo de empregos em agosto deste ano, segundo o Caged (Castro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério da Economia.
Juntas, tiveram um saldo de 6.211 vagas em agosto (diferença entre as 29.472 admissões e as 23.261 demissões). Mas o número foi insuficiente ainda para repor os 27.863 postos de trabalho fechados de janeiro até agora. Ocorreram 227.611 demissões no período e 199.748 contratações.
Somente Engenheiro Coelho e Holambra tiveram saldo negativo no emprego em agosto, duas cidades com matriz econômica focada na agricultura e no ramo de flores, setores muito impactados pela pandemia.
A economista Eliane Rosandiski, professora extensionista do Observatório da PUC-Campinas (Pontifícia Universidade Católica), que avalia a evolução dos empregos, informou que esse aumento na geração de vagas foi reflexo da flexibilização das atividades econômicas e da recontratação de trabalhadores dispensados na crise sanitária, iniciada em março.
Segundo a análise da economista, os trabalhadores que sofreram mais impactos são os mais sujeitos a rotatividade, cujo perfil em geral é baixa escolaridade (ensino médio) e faixa etária de 18 a 24 anos.
O comércio e alguns segmentos industriais estão ajudando a puxar os empregos.
Sumaré é uma das cidades que tem se recuperado mais rapidamente da crise, pois vem de três meses seguidos de saldo positivo na abertura de vagas. Americana também começa a reagir, mas em um ritmo menos intenso, avalia a economista.
O professor de Economia, Gestão e Finanças na IBE (Institute Business Education) Conveniada FGV (Fundação Getúlio Vargas), Cleber Zanetti, afirmou que de fato ocorreu uma retração muito grande da economia e da geração de empregos e que já observa a retomada.
“Todos os municípios tiveram um bom aquecimento nas vendas, por questões lógicas (abertura gradativa do comércio), alguns setores como turismo e restaurantes viram seus números despencar (turismo previsão de retomada segundo trimestre de 2021) mas os outros em linhas gerais estão aquecidos”, disse Zanetti
Mas os economistas avaliam a importância das próximas medidas governamentais para que esse crescimento do emprego seja sustentando. Eliane disse que é importante continuar atento para o efeito de queda de renda que virá a partir da redução do auxílio emergencial. Esse programa injetou R$ 1,2 bilhão na economia e, de certa forma, garantiu uma demanda.
Para Zanetti, o governo precisa validar as novas políticas tributárias para alavancar e fomentar a economia. “E a Selic (taxa básica de juros da economia) chegou a um patamar que dificilmente abaixe mais por uma questão econômica. Em contrapartida, temos o aumento do dólar e euro, viabilizando as exportações”, analisou o professor universitário.
Crianças e Natal, as apostas
Associações Comerciais da região estão apostando todas suas fichas no aumento das vendas no Dia das Crianças, dia 12, e também no fim do ano, com Natal e Réveillon. E, com isso, aumentar a oferta de vagas de emprego.
Presidente da Acias (Associação Comercial e Industrial de Sumaré), Juarez Pereira da Silva acredita que há recontratação dos demitidos.
“Acredito sim que nos próximos três meses haverá continuidade desse ritmo de recuperação. O Dia das Crianças vai contribuir também”, avaliou Juarez.
O presidente da Acisb (Associação Comercial e Industrial de Santa Bárbara d’Oeste), João Batista de Paula Rodrigues, disse que o resultado não foi o que esperava, mas está otimista com aumento das vendas e a geração de empregos nos próximos três meses.