sábado, 22 fevereiro 2025
INVESTIGAÇÃO

Corretor de imóveis teria lesado pelo menos 17 pessoas em Sumaré

Envolvidos no caso se organizam para medidas judiciais contra o homem
Por
Cristiani Azanha

O grupo de WhatsApp formado por pessoas que relatam ser vítimas de um corretor de 40 anos, suspeito de praticar a venda irregular de terrenos e imóveis em Sumaré, já conta com 17 pessoas, e o prejuízo total já ultrapassaria R$ 600 mil. O homem foi localizado pela Polícia Civil no bairro Campo Belo e preso em flagrante por estelionato na última segunda-feira (18), mas liberado no dia seguinte após o pagamento de fiança de dois salários mínimos, determinado na audiência de custódia.

O corretor adotaria sempre o mesmo modus operandi. Geralmente, ele é conhecido através do registro no Creci (Conselho Regional de Corretores de Imóveis) e das redes sociais, como o Facebook, onde atrai compradores com ofertas de imóveis abaixo do valor de mercado e com pagamentos facilitados, mesmo sem informações detalhadas sobre a localização dos imóveis.

Entre os que alegam ser vítimas, está o operador de máquinas Lauro David dos Santos, que relatou à TV TODODIA ter entregado R$ 280 mil ao corretor pela venda de uma casa, com a promessa de construção de duas casas menores em troca.

“Um dos imóveis deveria ter sido entregue em setembro do ano passado e o outro, em fevereiro de 2025. Porém, nenhum deles foi iniciado. As casas seriam para os meus filhos. Foi muito decepcionante”, lamentou Santos.

Marcelo Pereira dos Santos, também operador de máquinas, entregou R$ 52 mil como entrada para a compra de um apartamento no bairro João Paulo. Após mudar-se para o imóvel, foi surpreendido ao descobrir que o apartamento estava embargado.

Integrantes do grupo em frente à delegacia. Foto: Paulo Vitor/TV TODODIA

“Fiquei sabendo que poderia ser despejado a qualquer momento por dívidas anteriores. Não sei o que fazer da minha vida”, desabafou Marcelo.

Antonio Marcos Reis, bombeiro civil, também entregou R$ 52 mil na tentativa de comprar uma casa no Jardim São Domingos. “Eu visitei o imóvel e estava me preparando para me mudar no dia 15 de março, mas descobri que o negócio nunca foi fechado”, afirmou.

Janaina Arruda, recepcionista, conheceu o corretor pelo Facebook. “Fizemos várias tratativas para a compra da minha sonhada casa. Ele fez uma simulação e me disse que foi aprovada, então entreguei R$ 15 mil. Só depois soube que tudo não passava de um golpe”, contou.

Rosinara Soares, operadora de máquinas, emocionou-se ao relatar que vendeu uma casa e entregou R$ 60 mil para a compra de um apartamento. “Ele não repassou o valor ao dono do apartamento. Agora vou ter que me esforçar para pagar novamente, porque não tenho onde morar”, afirmou Rosinara.

Leonice Rafael Tenório, dona de casa, relatou que o corretor apareceu com uma carta contemplada no valor de R$ 400 mil para a compra de uma casa à sua escolha. “Dei um sinal de R$ 30 mil e reconheci firma no cartório. Quando encontramos a casa, ele desapareceu. Queremos nosso dinheiro de volta”, exigiu Leonice.

Uma mulher autista de 34 anos, que trabalha como recepcionista, também teria sido vítima do corretor, perdendo R$ 7 mil. Ela revelou ainda que foi difamada em um áudio, onde o corretor teria dito que ela tinha transtornos mentais e a responsabilizou pelas acusações do golpe.

“O corretor me prometeu descontos devido à minha condição. Consegui localizar a casa, mas ele começou a colocar obstáculos. Fiquei surpresa ao ouvir um áudio dele dizendo que encontrou uma moça com transtornos mentais. Infelizmente, o autismo ainda sofre muito preconceito”, lamentou a recepcionista.

Ela também aproveitou para destacar a importância de mais pessoas conhecerem o Transtorno do Espectro Autista (TEA). “Às vezes as pessoas dizem que eu não pareço autista. Mas como deve ser uma pessoa autista? Devo ter três olhos e quatro braços? No final do áudio, ele diz que sou o pivô de toda a situação. Espero que tudo isso seja esclarecido”, concluiu.

Em um áudio atribuído ao corretor, ele teria negado as acusações de golpe e afirmado que, por questões de segurança, está com sua família em outro local seguro, após ter se mudado do condomínio onde morava.

INVESTIGAÇÃO

Além do corretor, a Polícia Civil também investiga a esposa do suspeito, pois a conta bancária dela também teria sido utilizada nas negociações de compra e venda dos imóveis.

O delegado Marcelo Moreschi Ribeiro, que coordena a investigação, afirmou que todas as vítimas serão ouvidas e que cada caso será apurado individualmente.

A reportagem não conseguiu retorno da defesa do investigado para comentar o caso.

Receba as notícias do Todo Dia no seu e-mail
Captcha obrigatório

Veja Também

Veja Também