No ano do bicentenário de Santa Bárbara d’Oeste, outro espaço muito importante também comemorou aniversário recentemente: o cemitério do Campo, que completou 150 anos de fundação em 13 de julho deste ano, e que é um dos lugares históricos mais famosos e tradicionais do município. Lá estão enterradas pessoas que contribuíram significativamente para o progresso econômico, social e educacional do Brasil.
Segundo o atual presidente, João Leopoldo Padovezi, que assumiu a gestão em 2016, com o tempo, o Cemitério do Campo acabou se transformando num local de visitação de turistas e estudantes do Brasil e do mundo, que buscam conhecer um pouco mais sobre o legado da única emigração da história dos EUA.
Em abril de cada ano, a Fraternidade Descendência Americana realiza a Festa Confederada no local com o objetivo de preservar e divulgar a cultura estadunidense para milhares de visitantes. Toda renda obtida no evento é revertida para a manutenção do cemitério. “É um local histórico muito importante e que fica dentro de Santa Bárbara d’Oeste. Temos sepultadas pessoas que ajudaram na construção de nossa história, como muitos imigrantes americanos e missionários protestantes”.
Atualmente há 660 pessoas enterradas no cemitério, e por ano, a média de enterros é muito baixa, cerca de 3. Além de descendentes de americanos, podem ser sepultados parentes diretos, como esposas e maridos, por exemplo, mesmo que não sejam americanos. Sua origem está atrelada à imigração estadunidense promovida pelo governo monárquico brasileiro após a Guerra da Secessão nos Estados Unidos da América.
HISTÓRIA
Dentre os primeiros imigrantes a chegarem no Brasil, no início de 1865, estavam o Coronel Asa Thompson Oliver, vindo do condado de Waller, Estado do Texas. Após alguns meses visitando estados brasileiros, o Coronel Oliver adquiriu uma fazenda na região da cidade de Santa Bárbara d’Oeste conhecido até então como “Campo” e enviou correspondência para sua esposa Beatrice para que imigrasse com a família para o Brasil.
Em 1867, durante a viagem para o Brasil, Beatrice contraiu tuberculose e faleceu em 13 de julho de 1868 na fazenda do Campo. Para a surpresa do Cel. Oliver, o padre da cidade não permitiu o enterro de sua esposa no cemitério municipal, que era de propriedade da Igreja Católica, pois a família não era católica, mas sim protestante. Sem alternativas, o coronel decidiu enterrá-la na própria fazenda. Com isso, o túmulo de sua esposa se tornou a primeira sepultura do local que se transformaria depois no Cemitério do Campo.
Dois anos depois, a tuberculose também vitimou a filha mais velha do casal, e em 19 de abril de 1869, ela foi enterrada ao lado de sua mãe. No entanto, foi com o falecimento do pequeno Henry Bankston em 07 de julho de 1869, e que também não pôde ser enterrado no cemitério municipal que o local acabou ganhando o status de cemitério passando a ser chamado também de Cemitério dos Americanos.
CURIOSIDADES
O Cemitério do Campo é o local onde se consolidou a 1ª Igreja Batista do Brasil (10/09/1871), a 1ª Igreja Metodista do Brasil (20/08/1871) e a 1ª Igreja Presbiteriana da Junta de Missões dos Estados Sulistas dos EUA no Brasil (26/06/1870).
No local, estão enterradas personalidades importantes da imigração, como o Cel. William H. Norris, responsável pelo agrupamento na região da cidade da Americana; Joseph Witaker, que introduziu o cultivo da melância da variedade Cascavel da Georgia;Dr. Cícero Jones e Dr. Robert Cícero Norris, renomados médicos da nossa região da época e Jonh Dunn, o 1º fabricante e importador de implementos agrícolas.
Há também ilustres desconhecidos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a criação e desenvolvimento de escolas no estilo do padrão americano como a Universidade Mackenzie, o Colégio Piracicabano e Unimep, a Universidade Federal de Lavras; as indústrias locais, como a indústria Têxtil Carioba, as Indústrias Romi, Nardini, Sans, entre tantas outras, como por exemplo, a estação de trem de Americana. As visitas ao local devem ser agendadas e programadas para que sejam acompanhadas por um responsável.
O cemitério fica na Estrada dos Confederados, s/n, Campo, Santa Bárbara d’Oeste. Informações pelo telefone (19) 3629-1800.