O ajudante Anderson Santana de Souza, 27 anos, foi condenado ontem a 30 anos de prisão, em regime inicialmente fechado, por ter assassinado, em setembro de 2017, com 53 facadas, a jovem Bruna Rodrigues Gusmão Dessordi, 19 anos, com quem tentava manter um relacionamento. O crime foi perto da casa onde ela morava, no Jardim Augusto Cavalheiro, em Santa Bárbara d’Oeste.
A pena para o assassino foi decidida após júri popular na 1ª Vara Criminal do Fórum de Santa Bárbara. No julgamento, Souza foi considerado culpado por homicídio quadruplamente qualificado (por motivo torpe, emprego de meio cruel, recurso que dificultou a defesa da vítima e feminicídio).
A sentença foi proferida pela juíza Camilla Marcela Ferrari Arcaro, que presidiu o julgamento de pouco mais de cinco horas. O júri acatou todas as teses do Ministério Público e refutou argumentos da defesa.
Anderson Souza está preso em Sorocaba.
Após o assassinato, no dia 3 de setembro de 2017, o ajudante ligou para a PM (Polícia Militar) e se entregou. Na casa dele, na região central da cidade, policiais militares encontraram roupas com sangue.
O assassino levou a Polícia até o local onde atacou Bruna, perto da casa dela, no Jardim Augusto Cavalheiro – em uma área de mato, próxima à linha férrea desativada, no final da Avenida Tiradentes, onde estavam o corpo e a faca utilizada no feminicídio.
‘FEITA A JUSTIÇA’
O promotor Rodrigo Aparecido Tiago, que atuou na acusação, afirmou, após a sentença, que a justiça foi feita, que a pena era a esperada diante da gravidade do caso (crime bárbaro) e considerou que foi justa, dentro do que a legislação permite.
Quanto ao feminicídio, o representante do MP disse que cada vez mais vai se fortalecendo a proteção às mulheres e que a sociedade, representada pelos jurados, não tolera esse tipo de crime. “Não deixa de ser um recado da sociedade”, disse.
O advogado de defesa José Eduardo Bonfim informou que vai recorrer da sentença por uma redução da pena. “Vou tentar afastar as qualificadoras e a pena foi demasiadamente alta, além de não considerar a primariedade do réu”, explicou.
Presente no julgamento, a técnica de enfermagem Eliana Baldo Caetano do Amaral, tia de Bruna, disse que a justiça foi feita. “Foi condenado a 30 anos, mas se ficar preso entre 10 e 12 anos como foi falado, acho muito pouco”, reclamou.
ASSASSINATO FOI POR MOTIVO PASSIONAL
VÍTIMA | Bruna Dessordi
Na noite do crime, por volta das 21h30 do dia 3 de setembro de 2017, de acordo com o Boletim de Ocorrência, o pai de Bruna Dessordi e um amigo dela procuraram a Polícia informando que a jovem havia marcado um encontro com Anderson Souza, com quem chegou a se relacionar e sair algumas vezes .
Por ciúmes, o criminoso, que não aceitava a rejeição no relacionamento, passou a perseguir e fazer ameaças de morte a Bruna e ao amigo dela. Quando ela se deslocava ao local combinado com Souza, próximo às Indústrias Romi, no Jardim Augusto Cavalheiro, e falava ao celular com o amigo, este a ouviu gritar por socorro e a ligação foi interrompida. O pai e o amigo tentaram, por diversas vezes, contato com a jovem, porém sem sucesso. Bruna tinha marcado um encontro com o homem para tentar acabar com a perseguição que vinha sofrendo. A vítima havia conhecido o réu três semanas antes de ser assassinada.