A contratação de jovens na faixa de 18 a 24 anos com carteira assinada teve uma forte reação na RMC (Região Metropolitana de Campinas) em setembro deste ano. Foi o que apontou o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). Das 6.520 vagas geradas nas 20 cidades no mês passado, a participação dos jovens foi de 50%. Em Americana, Sumaré, Hortolândia, Nova Odessa e Santa Bárbara d’Oeste, esse percentual foi um pouco menor, 38%.
Esse saldo positivo de abertura de vagas formais é resultante da diferença entre as 33.268 admissões e as 26.748 demissões ocorridas no nono mês do ano na RMC. A análise foi feita pela economista Eliane Rosandiski, professora extensionista do Observatório da PUC-Campinas, que faz uma análise todos os meses dos indicadores apresentados pelo Caged.
Ela fez uma avaliação mais aprofundada dos dados a pedido do TODODIA. A volta da contratação de jovens segue a tendência estadual e nacional. No Estado de São Paulo, a participação dos jovens foi de 54% e, no Brasil, de 48%, informou a economista.
Mas Eliane ressalta que esta contratação do segmento mais jovem faz parte daquele mercado de trabalho mais sujeito a rotatividade, como em bares e restaurantes, entre outros. Conseguiram vagas nas chamadas franjas, ou seja, atividades mais periféricas, com menos quesitos de qualificação e, por isso, mais sujeitas a rotatividade. Além disso, a indústria também tem vagas periféricas, que estão sendo preenchidas, por exemplo, por alimentadores de linha de produção, embaladores, entre outros. A economista acredita que os novos postos e vagas estão sendo preenchidos por trabalhadores menos escolarizados.
Outros recortes feitos pela economista apontam que 78% dos contratados têm ensino médio completo e 65% eram homens. “A maioria dessas vagas geradas são preenchidas nos contratos flexibilizados, por isso a maioria dos contratados tem escolaridade de ensino médio”, explicou a economista. O programa de redução da jornada e dos salários continuará em vigor até 31 de dezembro deste ano.
Nas cinco cidades da região, houve retomada do emprego industrial, puxado pelo segmento têxtil, desempenho que já vinha sendo observado desde agosto. O comércio também dá sinais visíveis de crescimento sustentado, segundo os presidentes de associações comerciais consultados pela reportagem.
As cinco cidades da região geraram juntas 2.327 postos de trabalho em setembro. A indústria geral teve uma participação de 47% na geração de vagas formais nas cinco cidades, com 1.091 vagas. Em segundo lugar ficou o comércio, com 22% de participação, com abertura de 509 vagas em setembro. O setor de informação e comunicação ficou em terceiro lugar, com 386 vagas abertas, com 17% de participação.
O saldo ainda é negativo em quatro dessas cinco cidades no acumulado do ano, em razão da pandemia, que impactou fortemente no mercado de trabalho, em razão do impedimento de abertura de estabelecimentos não essenciais. Mas Nova Odessa já “recuperou” os empregos perdidos neste ano por causa da crise sanitária.
RECUPERAÇÃO
Os presidente das associações comerciais estão otimistas. Este é o caso do presidente da Acisb (Associação Comercial e Industrial de Santa Bárbara), João Batista de Paula, que comemorou o resultado do Caged. “O saldo positivo de setembro é muito importante, pois mostra sinal de recuperação do emprego. Esta recuperação tem sido com mais ênfase na indústria e prestação de serviços. O comércio está se recuperando, mas com ritmo menor. Com relação aos jovens, entendemos que eles precisam aprimorar a qualificação para se encaixar no mercado”, afirmou.
Presidente da Acias (Associação Comercial e Industrial de Sumaré), Juarez Pereira da Silva disse que o saldo positivo de 427 admissões em setembro foi o melhor nos últimos quatro meses. “Isso demonstra uma consistência positiva nas admissões em Sumaré. Claro, longe ainda do ideal, porque as coisas estão acontecendo gradualmente. Mas é um sinal positivo. Isso é muito importante, porque essa consistência é fundamental para que as coisas vão numa linha crescente.”
Juarez afirmou que acredita que nos meses de novembro e dezembro essa crescente continuará, principalmente por causa das festas de fim de ano. “Há desejo represado dos consumidores. Com toda a segurança, cautela e seguindo os protocolos, eles vão buscar gradualmente aquecer o comércio, a indústria e os serviços. Isso é um fator extremamente positivo”, avaliou.