Em 1851, Catharina Drenkhahn, uma jovem residente em Haby, aldeia situada no Kaiser Wilhelmskanal, distrito de Rendsburg-Eckernförde, estado de Schleswig-Holstein (hoje, norte da Alemanha), teve um caso e engravidou de um soldado dinamarquês chamado Niels Christensen. Os pais de Catharina expulsaram a filha de casa por causa da gravidez ilegítima. O soldado não queria saber da criança, que levou o mesmo nome da mãe. Sem muitas opções, Catharina Drenkhahn imigrou para o Brasil com a filha. Em 1853, enquanto trabalhava na empresa “Theodor Willie”, ligada ao ramo do café, instalada em Santos (SP), Catharina contraiu febre amarela e morreu, deixando a filha com dois anos incompletos.
A pequena Catharina foi adotada por José Vergueiro, filho do senador Nicolau Pereira de Campos Vergueiro, dono da célebre Fazenda Ibicaba, então situada em Limeira (SP), atualmente em Cordeirópolis (SP). Esse é o mote do 28º e mais recente livro, em edição bilíngue, de José Eduardo Heflinger Júnior: “Um Conto de Fada da Imigração Alemã”, que está sendo lançado neste mês com incentivo da Lei Rouanet.
Heflinger Júnior investiga e escreve sobre a história da imigração europeia no Brasil há mais de trinta anos – e o autor acalentava, há muito, o desejo de escrever a história de Catharina Drenkhahn e seus desdobramentos. “É uma história linda, realmente um conto de fada, que merece ser conhecido”, diz ele. “Catharina é adotada por essa ilustre família Vergueiro e ganha uma ótima educação. Ela vai se casar com um imigrante alemão, chamado Franz Detlef Brune, e acaba por ter nove filhos com ele, sendo a primogênita, Carlota Brune”.
DIÁRIOS
Os diários da imigração de Franz e os escritos de Carlota também fazem parte do livro e compõem um incrível painel histórico do período. Carlota conta, por exemplo, sobre visitas importantes na Fazenda Ibicaba, como as do imperador D. Pedro II, do mandarim Tong-King-Sing e do príncipe Heinrich, da Prússia. “A história prossegue com a volta da família Drenkhahn/Brune para a Alemanha, onde Carlota se casa com Albrecht Schmidt, destacado membro do partido nazista”, conta.
Carlota Schmidt, que morreu em 1965, dá nome ao banco de dados sobre a imigração europeia pelo sistema de parceria no Brasil: o “Carlota Schmidt Memorial Center”. Rudolf Schallenmüller, ex-cônsul honorário da Alemanha em Ribeirão Preto, é o autor do prefácio do livro e destaca a obra como um acontecimento de grande importância, tanto para a historiografia brasileira, quanto para a consciência político-social atual. Vale destacar o incrível acervo de fotos, ilustrações e documentos presentes no volume, constituindo, ao mesmo tempo, uma leitura apaixonante e um grande registro histórico.
Afinal, trata-se de um volume épico que cobre mais de 150 anos de história, que envolve a região de Piracicaba, a escravatura, a imigração alemã e o Sistema de Parceria, além da visão de personagens reais sobre o momento em que viviam.
Através da página do livro no Facebook é possível conhecer um pouco mais sobre ele: https://www.facebook.com/LivroUmContoDeFada