Os motoristas da VPT (Viação Princesa Tecelã), que opera até o final do mês o transporte coletivo urbano em Americana, entraram novamente em greve por tempo indeterminado ontem – pela segunda vez na semana –, prejudicando mais de 20 mil passageiros que ficaram sem ônibus para voltar para casa.
Os ônibus que servem às 35 linhas na cidade chegaram a sair da garagem de madrugada, mas começaram a ser recolhidos no meio da manhã, depois que a categoria foi informada de que não haveria uma reunião supostamente marcada pelos diretores da VPT com o prefeito Omar Najar (MDB), para discutir a polêmica questão da rescisão trabalhista dos funcionários da empresa.
A prefeitura rebateu a informação e disse que nenhuma reunião tinha sido confirmada. Por meio de nota oficial, a Administração se posicionou ontem no início da noite sobre a greve (leia na página 5).
A VPT teve seu contrato rompido pela prefeitura, por descumprimento de obrigações trabalhistas e fiscais, e será substituída pela Sou Americana (Grupo Sancetur) a partir de 1º de dezembro. Os trabalhadores da empresa, que serão demitidos, temem calote no pagamento das verbas rescisórias e por esse motivo já tinham paralisado o sistema na quarta-feira, retomando na quinta mediante a promessa da prefeitura de intermediar uma audiência sobre o caso no MPT (Ministério Público do Trabalho).
Ontem (9), quando souberam que não haveria a reunião, os motoristas ignoraram o acordo e paralisaram novamente o sistema. Os condutores temem ficar sem receber, já na próxima semana, direitos trabalhistas como a cesta básica e o adiantamento.
Também têm dúvidas quanto ao pagamento dos salários do próximo mês, já que a 65% do faturamento da VPT decorrem da venda de passagens e do carregamento de cartões para empresas, proibido desde o último dia 1º pela prefeitura.
O motorista Stanley Teixeira, 40, afirmou que a greve dos condutores não será suspensa. “A gente decidiu com a paralisação total e enquanto não resolver isso, não tem como voltar”. Nem a viação nem o Sindicato dos Condutores de Americana e Região, que representam a categoria, foram comunicados previamente da greve iniciada ontem.
Em nota, a Princesa Tecelã ressaltou que a nova paralisação foi uma decisão dos condutores. “A recomendação da direção é para que se mantenha o serviço em pleno funcionamento”, informou o comunicado. A viação não respondeu se vai impor algum tipo de sanção aos funcionários em greve.
O sindicato da categoria também defendeu que os trabalhadores voltem aos seus postos. “A posição do sindicato é a mesma do que foi assinado na reunião com o prefeito”, declarou o diretor Nadir Migliorin, se referindo ao compromisso de trabalhar até audiência no MPT.
PREFEITURA
Questionada, a Prefeitura garantiu que está agindo dentro do interesse público. “É inadmissível que a empresa espere que a municipalidade assuma a responsabilidade pelo resultado trágico decorrente de sua administração irresponsável, tanto em relação aos cofres públicos, quanto em relação aos funcionários. Apesar disso, as autoridades municipais, por ciência de seu compromisso público e por respeito àqueles que dedicaram sua força de trabalho ao transporte dos cidadãos, os motoristas e condutores, vêm se empenhando para garantir que os direitos dos trabalhadores não sejam ainda mais feridos”.