Milhares de peixes mortos apareceram na manhã de ontem boiando nas margens da Represa de Salto Grande, em Americana. Em vistoria, técnicos da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) constataram a falta de oxigênio na água.
A CPFL Renováveis, responsável pelo reservatório, informou que a mortandade está relacionada ao lançamento de fontes de poluição difusas e pontuais no local.
No sábado, o TODODIA noticiou com exclusividade a morte de peixes entre os aguapés, na região de um condomínio residencial de alto padrão. Em vistoria na noite de sexta-feira, técnicos da agência ambiental em Americana verificaram uma situação aparente de baixo oxigênio na água, uma vez que os peixes estavam buscando a superfície, como informou o órgão em nota.
A morte dos peixes, iniciada na sexta-feira, teve seu ponto crítico ontem, de acordo com o empresário Marcelo Masoca, morador da Praia Azul.
“Toda a margem da Praia dos Namorados, que deve ser em torno de dois quilômetros, tem peixe morto. A olho nu, você não consegue ver o final, de tanto peixe morto que tem”, relatou ele, que atua há um ano como protetor ambiental da represa.
A mesma situação de animais boiando foi observada em outros pontos da represa, como nas imediações da Associação Barco Escola da Natureza, e na orla da Praia Azul.
O empresário acredita que as mortes têm relação com uma descarga maior de poluentes no rio ou mesmo o vazamento irregular de redes de esgoto.
A Polícia Militar Ambiental foi acionada e informou que o caso está sendo apurado pela Cetesb, por se tratar de contaminação dos recursos naturais. Já a companhia previa uma nova vistoria no local para apurar a causa das mortes dos peixes.
ENTENDA O CASO
A Represa de Salto Grande tornou-se palco de polêmica este ano após a CPFL Renováveis suspender a remoção mecânica de aguapés para a realização de um estudo técnico a ser concluído em 2019. São 275 hectares de superfície ocupados por plantas aquáticas, que foram registradas pela primeira vez no reservatório em 1985, cobrindo uma área total 100 vezes menor, de 2,5 hectares.
Depois de 11 meses, a remoção mecânica foi retomada, em 6 de dezembro, com a ajuda de dois barcos, dois caminhões e uma escavadeira – o que representa o dobro de equipamentos utilizados anteriormente.
Durante este período, a CPFL solicitou autorização da Cetesb para verter os aguapés rio abaixo. A ação foi rechaçada pelo Gaema (Grupo de Atuação Especial do Meio Ambiente) do MP (Ministério Público), que teme a proliferação dos aguapés em outros pontos do Rio Piracicaba. O DAE (Departamento de Água e Esgoto) de Americana também se manifestou contra, pelo risco de prejudicar a captação de água e, por consequência, o abastecimento da cidade.
O pedido segue em análise da Cetesb, que aguarda parecer do DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo) sobre o assunto.