Presa em flagrante no último dia 17 de fevereiro, acusada de furtar roupas em uma loja de Campinas, e liberada no dia seguinte após Audiência de Custódia e pagamento de fiança, a vereadora licenciada Carol Moura (Podemos) pediu exoneração ontem do cargo de secretária de Desenvolvimento Econômico de Nova Odessa.
A demissão – solicitada somente após a Imprensa noticiar o furto – foi aceita pelo prefeito Bill Souza (PSDB), que não comentou a decisão da agora ex-secretária – que se tornou ré em ação penal por furto qualificado.
O advogado dela fala em “mal entendido” e diz que Carol Moura teria tentado pagar pelas cinco peças de roupa às quais foi acusada de furtar.
Em nota emitida ontem, a Prefeitura de Nova Odessa informou que o secretário de Obras e Planejamento Urbano, Elvis Ricardo Garcia, o “Pelé”, vai acumular interinamente a Secretaria de Desenvolvimento Econômico – sem prazo definido.
As portarias de exoneração da secretária e de nomeação de Pelé no cargo devem ser publicadas na edição de hoje do Diário Oficial do município.
ENTENDA O CASO
O furto do qual a vereadora licenciada é acusada ocorreu na noite do dia 17 de fevereiro, em uma loja da Zara no Shopping Parque D. Pedro, em Campinas – mas o caso só veio à tona anteontem.
Conforme o registro policial da prisão, Carol Moura foi flagrada ao tentar sair da Zara com cinco peças de roupas, sem pagar pelos produtos.
Com ela, foram encontrados um blazer preto de R$ 379, um vestido azul de R$ 69, um body preto de R$ 99, uma saia preta de R$ 179 e um casaco preto de R$ 199.
Carol Moura foi abordada por uma vendedora da loja, que afirmou à Polícia que a ex-secretária entrou no provador, retirou os tags (alarmes) das roupas e deixou a Zara, pouco antes do fechamento da loja, sem pagar pelas peças.
Ela foi alcançada pela funcionária (que percebeu a movimentação), ainda no corredor do shopping. Carol teria voltado à loja, devolvido duas das cinco peças e em seguida teria saído “correndo”.
A segurança do shopping foi acionada e um agente alcançou a acusada, que teria confessado o furto e se oferecido para pagar pelas peças.
Mas a PM (Polícia Militar) já havia sido chamada e a conduziu ao plantão policial.
Carol Moura permaneceu no plantão durante a noite e, pela manhã do dia 18, foi liberada após Audiência de Custódia e o compromisso de pagar a fiança, estipulada em R$ 998,00 (um salário mínimo).
A fiança foi paga no dia 22. Com isso, Carol ganhou o direito de responder em liberdade pela acusação de furto qualificado – crime previsto no artigo 155 do Código Penal, cuja pena prevista é de reclusão de um a quatro anos, e multa. O processo corre na 3ª Vara Criminal de Campinas.
Na última segunda-feira, por volta das 15h30, quando a Imprensa regional já começava a divulgar o caso, o prefeito Bill Souza solicitou a presença da ainda secretária ao seu Gabinete, após ter sido “surpreendido pelo caso”, através da mídia.
No entanto, de acordo com a Assessoria de Imprensa da prefeitura, o prefeito não sabia que Carol Moura já havia apresentado um pedido de afastamento por 30 dias, alegando questões de saúde, por volta das 12h30.
Bill pretendia conversar com a ex-secretária ontem, mas a Administração não confirmou se a reunião ocorreu.
Na tarde de ontem, Carol Moura foi novamente procurada para comentar o caso, mas evitou.
Questionada se pretende reassumir o cargo de vereadora – do qual ela está licenciada desde agosto de 2018, quando foi convidada por Bill a assumir a Secretaria de Desenvolvimento Econômico – ela se limitou a responder, via mensagem de texto: “Desculpe, agora não posso”.
Sua assessoria informou que apenas a prefeitura e o advogado dela vão se manifestar.
ADVOGADO FALA EM ‘MAL-ENTENDIDO’ E REMÉDIOS
Advogado da ex-secretária de Desenvolvimento Econômico e vereadora licenciada Carol Moura (Podemos), Bittencourt Leon Denis de Oliveira Junior classificou como “mal-entendido” o caso registrado no shopping Parque D. Pedro, em Campinas, envolvendo sua cliente.
Segundo ele, Carol Moura tomou inadvertidamente uma dose extra de medicação para controle de ansiedade no dia do acontecido – o que teria provocado confusão mental na parlamentar.
De acordo com o advogado, Carol Moura estava atordoada após uma briga familiar ocorrida naquele dia e se enganou ao sair da loja com as roupas.
Ele afirma que a vereadora não retirou os lacres das peças, conforme consta no registro policial, e diz que o alarme da loja, acionado pelos dispositivos, soou quando Carol deixou a Zara.
“Ela disse que não se lembra, mas o fato é que ela não retirou (os alarmes das roupas). Sabemos disso por causa da ausência completa de constatação do policial, do delegado, que levasse a esta conclusão”, declarou.
Oliveira Junior afirmou que Carol deixou a loja com a autorização da equipe, após tentar pagar pela compra utilizando cartão – o que não teria sido aceito, pois a movimentação financeira do dia estava encerrada.
“A funcionária permitiu que ela saísse e efetuasse o saque do dinheiro, porque afirmou que não era possível passar o cartão, pois já havia fechado o caixa”, afirmou.
Segundo o advogado, neste intervalo em que a vereadora se dirigia ao caixa eletrônico para efetuar o saque, a Polícia Militar foi acionada. “Ela está à disposição da Justiça para esclarecer todos os fatos”, declarou.