Uma parceria firmada entre a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e um laboratório privado de genômica, o Mendelics, prevê o aperfeiçoamento do teste de saliva para detecção do novo coronavírus.
Os pesquisadores do CQMED (Centro de Química Medicinal) vão desenvolver dois reagentes-chave do teste que hoje são importados. A partir da produção das enzimas, vai caber ao laboratório privado a testagem e a distribuição dos testes.
A proposta é ampliar a disponibilidade destes componentes essenciais para a autonomia do Brasil na produção dos testes. Assim, o País poderá apressar a testagem em massa da população. Os casos da doença passariam a ser identificados rapidamente, com controle maior dos índices de contaminação
Além de trazer segurança para o retorno às aulas e às atividades presenciais de trabalho, o teste denominado RT-LAMP #PARECOVID reduzirá custos, e o Brasil passaria a deixar de depender da demanda mundial por enzimas.
O novo teste molecular de Covid-19 foi desenvolvido pela Mendelics em parceria com o Hospital Sírio-Libanês. Ele é capaz de identificar a presença do novo coronavírus em amostra de saliva durante o período de infecção ativa do vírus.
O RT-LAMP #PARECOVID tem a sensibilidade e a especificidade comparável ao RT-PCR, além de possibilitar a autocoleta não-invasiva. O teste de saliva consegue manter a estabilidade da amostra por até três dias em temperatura ambiente e suprime a etapa de extração do material genético (RNA) do vírus.
A tecnologia desenvolvida para este teste é capaz de produzir resultados em poucas horas, muito mais rápido que os testes de RT-PCR disponíveis, sendo que o custo do RT-LAMP é cinco vezes menor que o RT-PCR, cujo fornecimento de insumos está limitado em todo o mundo.
O PROJETO
O CQMED tem expertise na caracterização de proteínas pouco conhecidas, relacionadas a doenças humanas, sobretudo câncer, doenças infecciosas e neurológicas. Com a crescente demanda por testes para Covid-19, o centro ampliou sua atuação na produção de insumos, na força-tarefa da Unicamp para o enfrentamento do vírus.
Para financiar o desenvolvimento das enzimas, a universidade e o laboratório responsável pela logística vão contar com recursos da Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial), organização social que gerencia fundos dos ministérios da Educação e da Ciência e Tecnologia, com o objetivo de estimular a inovação na indústria. Passa a existir interação entre instituições de pesquisa tecnológica e empresas do setor industrial.
“Os três pilares da parceria – universidade, Embrapii e empresa – possibilitaram a montagem do plano de ação e alocação de recursos para o projeto”, disse Katlin Massirer, pesquisadora do CBMEG que coordena a ação.