Supermercados da região adotam estratégias especiais para garantir o abastecimento de arroz nas gôndolas e evitar o risco de desabastecimento.
A alta descontrolada dos preços foi provocada principalmente pela alta do dólar, que incentivou o produtor a exportar. Como sobrou menos mercadoria para o consumo interno e a demanda por consumo sempre foi alta, o preço disparou. Em alguns casos, como o das marcas consagradas, o pacote de 5 quilos beira os R$ 30.
Redes de supermercadistas da região limitam o consumo até de outros artigos essenciais da cesta básica, como o feijão e o óleo de soja.
O varejo busca assimilar as altas praticadas pelos fornecedores, cortar margens de lucro e evitar que o consumidor final deixe de levar para casa o cereal essencial nas refeições.
De acordo com Marcos Cavichioli, diretor comercial do São Vicente, o setor chegou a temer o desabastecimento por uma razão básica. No momento da alta, os varejistas tinham a mercadoria em estoque e conseguiam oferecer mercadoria a preços antigos. Aí donos de restaurante e mercadinhos, por exemplo, deixaram de procurar pelo arroz em revendedores e distribuidores (que já praticavam preços reajustados), e optaram pelo varejo.
“Achando que não iam suportar a demanda, muitos supermercados passaram a limitar o número de pacotes comprados por consumidor”, explicou.
Cavichioli, no entanto, afirma que o próprio mercado deve regular o preço final do cereal até o fim do ano. A chegada da nova safra vai regularizar o abastecimento da rede varejista. O estoque vai durar até lá, confia, e os supermercados vão tentar manter o preço sob controle. Se necessário, com racionamento pontual. Como também acontece, diz, com outros produtos da cesta básica, com o feijão e o óleo de soja.
O diretor lembra também do elo mais importante da corrente comercial, o consumidor. Se um supermercado repassar para as gôndolas o aumento praticado pelo seu fornecedor, diz, o cliente simplesmente vai deixar de comprar.
Outra rede da região, o Crema adotou uma outra estratégia. Faz racionamento apenas das marcas que estão em oferta. Cada consumidor pode levar para casa quatro pacotes de cinco quilos de arroz. Assim, se procura manter o controle sobre consumo das marcas que, na crise, têm muito mais saída.
“Encontramos uma forma de garantir que o cidadão possa abastecer a despensa para as refeições essenciais, sem pagar o preço absurdo que a maioria das redes cobra pelo quilo do arroz”, disse o gerente Roberto Falcade.
Consumidores ouvidos pela reportagem também adotaram estratégias para fugir dos preços absurdos. Há quem tirou do carrinho os produtos supérfluos: se deixou de lado o que não era gênero de primeira necessidade, só para garantir o arroz na panela.
Outros consumidores foram mais objetivos: mudaram a marca, e levam para casa produtos mais baratos.
Em 12 meses, aumento foi de 100%
A alta do arroz, agravada na pandemia, chega a 100% nos últimos 12 meses. Segundo a Abiarroz (Associação Brasileira da Indústria do Arroz), o produto comprado dos produtores pelas indústrias ficou 30% mais caro só em agosto.
Além da alta do dólar, o preço do arroz se explica pela procura maior do produto durante a pandemia. As pessoas passaram a cozinhar mais em casa.
A direção da Apas (Associação Paulista dos Supermercados) informou em nota que mantém diálogo permanente com o poder público e representantes de todos os elos da cadeia de abastecimento, para que tensões negociais não prejudiquem os consumidores.