A estiagem acende o alerta para o risco de desabastecimento das cidades da região. O nível do Sistema Cantareira – que garante vazão mínima para a captação em cidades da RMC (Região Metropolitana de Campinas) – esteve na terça-feira em 44,6%, bem abaixo dos 60% considerados adequados para a época.
Não que o nível atual represente que as torneiras vão secar imediatamente. O índice do momento ainda garante que sejam liberados para a região pelo menos 10 metros cúbicos por segundo de água (cota prevista na outorga contratual). Mas existe a possibilidade de se adotar racionamento em cidades que sofrem com vazamentos e consumo irresponsável.
A observação do secretário executivo do Consórcio PCJ (Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí), Francisco Lahoz, serve exatamente para ilustrar a situação de Americana, que ainda precisa substituir pelo menos 400 quilômetros de rede pela cidade. A troca não é feita, na maior parte dos casos, há cinco décadas. Os vazamentos são constantes e as queixas sobre falta d’água chegam diariamente ao DAE.
Americana faz a captação de água para o abastecimento público do Rio Piracicaba, que sofre os efeitos da queda do nível do Sistema Cantareira. Quem passeia pela Carioba, por exemplo, nota que a vazão do rio caiu bastante com a falta de chuvas.
Mas, segundo Lahoz, a ameaça não se limita aos riscos de cidades que dependem exclusivamente das águas de rios como o Atibaia e o Jaguari (essenciais para a região).
Quem recorre a represas locais para captar água (como é o caso das cidades de Nova Odessa e Santa Bárbara d’Oeste) também precisa adotar um programa de consumo responsável e manutenção eficiente das redes.
“Nosso lençol freático ainda não se recuperou totalmente da estiagem severa de 2014 e 2015”, afirma Lahoz. “O nível das represas locais segue comprometido”, completa.
Embora as prefeituras da região descartem a possibilidade de que exista qualquer risco de desabastecimento, as companhias de abastecimento reconhecem que a estiagem e a baixa umidade relativa do ar, notada durante todos os invernos, aumentam o consumo de água.
O superintendente do DAE (Departamento de Água e Esgoto) de Americana, Carlos César Gimenez Záppia, afirmou durante a inauguração do novo reservatório do São Roque que a cidade enfrenta, sim, um período atípico, com a temperatura acima da média histórica e ambiente seco.
“Nestas condições, se consome muito mais água”, afirmou Záppia. “É por conta disso que a administração não poupou investimentos na instalação de novos reservatórios e na substituição de 50 quilômetros de rede”.