terça-feira, 26 novembro 2024

Aliança Omar e PSDB chega ao fim

A aliança política entre o prefeito de Americana, Omar Najar (MDB), e o PSDB local parece estar chegando ao fim. Depois das críticas recentes do prefeito ao candidato tucano ao governo, João Doria, e também à postura do vice-prefeito, Roger Willians (presidente do PSDB local), ontem o vereador Rafael Macris (PSDB) anunciou sua renúncia ao posto de líder do Governo Omar na Câmara. Além disso, os três vereadores do partido no Legislativo a partir de agora deixam de votar junto com a base de sustentação do prefeito e passam a adotar postura “independente”.
O anúncio de Macris foi feito ontem, em entrevista coletiva, da qual participaram também os vereadores tucanos Marschelo Meche, o vice-prefeito, Roger Willians, além do ex-vereador Orestes Camargo Neves.
O prefeito Omar reagiu ao rompimento. Ontem mesmo, ele indicou o novo líder para o Governo na Câmara (o vereador Luiz Carlos Cezarreto, o Luiz da Rodaben, do PP). Além disso, Omar disse que a relação já vinha sofrendo desgastes por uma série de episódios recentes e elencou diversos motivos para o desentendimentos (leia no quadro).

CRÍTICAS

A decisão dos tucanos é uma resposta direta às críticas de Omar, que na segunda-feira se posicionou contrário ao candidato do PSDB ao governo do Estado, João Doria. O prefeito também tem criticado até mesmo o seu vice-prefeito, Roger Willians, que é presidente do PSDB de Americana e também esteve presente na entrevista dos tucanos ontem.
Em um evento de apoio à candidatura de Márcio França (PSB) para governador, na segunda-feira, Omar chamou Doria de “mentiroso” e “sem vergonha”. Já na terça, após entrevista coletiva, o prefeito voltou a condenar a atuação do PSDB no Estado e criticou o fato de Roger Willians ter deixado a prefeitura em março de 2017 para assumir a chefia de gabinete do deputado estadual Cauê Macris (PSDB) na Assembleia Legislativa de São Paulo.
A carta com a renúncia de Rafael Macris à liderança do Governo na Câmara foi entregue ontem à tarde. Na entrevista coletiva, o vereador tucano lamentou. “Em nossa opinião, o prefeito demonstrou muito desequilíbrio com relação a todos as colocações nos áudios que circularam. Nos sentimos envergonhados, imaginando pais de família levando seus filhos para a escola e sendo obrigados a ouvir esse tipo de palavreado, vários palavrões proferidos pelo prefeito”, afirmou Macris.
Omar disse que sua atitude foi uma reação ao fato de que não teria sido bem recebido no comitê dos tucanos, em visita após as eleições.
O vereador Macris alegou que, durante seu período como líder de Governo, a Câmara teria aprovado 100 projetos do Executivo. Macris também afirmou que o PSDB trouxe mais de R$ 150 milhões para Americana, por meio de emendas parlamentares e programas.
Omar rebate: diz que as verbas foram articuladas pelo deputado Baleia Rossi, e não pelos tucanos.
“O prefeito se apequena com essas críticas vazias que ele acaba proferindo de forma gratuita ao nosso partido. Uma aliança que, na nossa opinião, ele teria que respeitar e ter gratidão, principalmente para o (deputado federal) Vanderlei Macris (PSDB), que desde o início do projeto do Omar ser prefeito abriu mão de duas candidaturas a prefeito para apoiar o Omar, e consequentemente levar ele ao posto mais alto do nosso município”, disse Macris.
Omar também negou o suposto gesto de Vanderlei Macris em prol de sua candidatura.
O discurso adotado pelos tucanos é de que o partido atuará de forma “independente”, aprovando os projetos que forem “bons para Americana”.

 

Omar rebate e revela desgastes com tucanos

Em conversa com a imprensa ontem à noite, o prefeito Omar Najar (MDB) rebateu todas as acusações dos tucanos e disse que não vai ficar “à mercê de vereador”. “Essa história que vão sair? Vai com Deus e a Virgem Maria. Chega pô. Não vou ficar à mercê de vereador nenhum. Aqui tem um monte de vereador, sempre teve diálogo”, disse.
Omar explicou que a relação com os deputados do PSDB não é boa há muito tempo. Ele afirma que o deputado estadual Cauê Macris (PSDB) mudou o relacionamento com ele após o prefeito dispensar um funcionário da Administração ligado ao deputado, há três anos. “Ficou (o funcionário) seis meses aqui e só fez confusão. E vem falar que nunca pediu cargo? Então, coloca os cargos à disposição. Eu não preciso deles. Eu preciso que o povo de Americana entenda a verdade. Vão parar de cobrir o sol com a peneira”, afirmou o prefeito.
Omar criticou também a postura de Rafael Macris durante evento no comitê do PSDB no último domingo. “Fui no comitê deles para cumprimentá-los. Vanderlei me recebeu muito bem, sou amigo de infância. O Cauê também me recebeu. E o líder de governo (Rafael Macris) falando por trás, ‘agora ele vem aqui’. Que conversa é essa? Acho um absurdo uma conversa dessa. E fiquei muito chateado também”, disse.
Omar também disse que o PSDB não ajudou na Assembleia Legislativa (Alesp). Nesse caso, a crítica foi por conta da atuação de Cauê Macris.
“Acho que o PSDB (na figura do Cauê) poderia me ajudar na Alesp como presidente quando mandei o projeto da calamidade financeira. O seu Cauê engavetou lá até hoje, porque ele tinha acordo com o PT. Porque o PT está lá junto na diretoria. Eles que são o PT. Não venha por essa pecha no Márcio França. Vamos jogar direto, vamos jogar aberto. O presidente é o Cauê, e depois tem a primeira Secretaria do PT. Osso foi acordo que eles fizeram com o PT para se eleger presidente da Alesp. Eu não faço conchavo com ninguém, e muito menos faria com o PT. Agora vem me falar que não tem nada a ver com o PT? Tenha paciência. E quando mandei não aprovaram. Graças a Deus o Tribunal de Contas aprovou minha conta em 2015, quando já tinha mandado. Essas pessoas que trabalham por Americana?”, questionou.
Omar também rebateu alguns pontos da entrevista coletiva dos tucanos. Ele afirma que o PSDB pediu, sim, cargos na prefeitura, e nega que o partido tenha ajudado a investir R$ 150 milhões na cidade. O prefeito também voltou a criticar João Dória (PSDB).
“Queria saber o que (Doria) fez de bom lá (na prefeitura de São Paulo), além de brigar com os grafiteiros. Esse Doria não vale nada, e o Estado de São Paulo vai ver o que é esse rapaz. Onde já se viu abandonar uma eleição? Depois de 14 meses largar a prefeitura sozinha?”, criticou.

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