segunda-feira, 25 novembro 2024

Maus tratos a animais têm média diária de 7 denúncias

Mais de 2,5 mil denúncias de maus tratos a animais foram registradas em 2018 nos 20 municípios integrantes da RMC (Região Metropolitana de Campinas). Em média, foram contabilizados sete novos casos de violência por dia em que as vítimas são animais. O total de casos pode ser ainda maior, já que muitos desses crimes não são notificados.

A campeã de notificações é Hortolândia, que recebe mais de 90 registros mensais de maus tratos a animais no município, segundo o DPBEA (Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal) da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.

Os casos mais comuns são de abandono e negligência em relação à alimentação e saúde do animal, mas, na cidade não se aplicam multas nestes casos.

A Administração do prefeito Angelo Perugini (PDT) conta com o apoio de protetores para doar os animais, principalmente os filhotes. Já os adultos permanecem no DPBEA, onde recebem cuidados até encontrar um adotante; caso contrário, o DPBEA torna-se o seu lar. Atualmente, o departamento conta com pouco mais de 200 animais abrigados, entre gatos e cães, que são a maioria.

Em Campinas, um levantamento do Samu Animal mostra que 512 bichos foram atendidos pelo serviço. A maioria dos casos refere-se a atropelamentos, refletindo a situação de abandono e maus tratos a que são submetidos os animais.

O Samu Animal é um serviço que atende os animais de rua encontrados doentes ou atropelados ou que sejam vítimas de maus tratos. Chamado pela população de “anjo da guarda dos animais”, o Samu Animal é acionado pelo telefone da Prefeitura 156 e conta com um veículo que funciona como uma ambulância de UTI, circulando pela cidade com um médico veterinário.

Esta “ambulância” possui todos os equipamentos para o atendimento de um animal em sofrimento: é equipada com circuito de oxigênio, respirador, monitor cardíaco e desfibrilador, entre outros. De lá, se necessário os bichos passam por cirurgia no DPBEA (Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal), órgão da Secretaria do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.

Dos animais resgatados pelo Samu este ano em Campinas, cerca de 60% sobreviveram, e pelo menos a metade deles já foi adotada. A prefeitura também não aplica multas em casos de maus tratos e prefere investir na educação e conscientização sobre a posse responsável.

As ações educativas também acontecem em Americana, durante a participação em eventos, em mutirões de castração, quando o CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) recebe visitas de escolas, e no atendimento das denúncias pelo SAC (Serviço de Atendimento ao Cidadão), quando não são identificadas irregularidades. No período de janeiro a novembro, o CCZ recebeu 483 denúncias de maus tratos aos animais.

Em Nova Odessa, de janeiro até a primeira semana de dezembro, foram feitas 78 reclamações de maus tratos e 26 de abandono na prefeitura. As reclamações mais comuns são sobre animais na corrente, sem abrigo ou sem comida, mas houve dois casos graves envolvendo cavalos. Um deles, inclusive, teve de ser sacrificado, pois estava com tétano, que piorou após o abandono pelo dono. O responsável pelo animal não foi localizado.

O veterinário e vereador Cláudio José Schooder, o Leitinho (PV), é protetor na AAANO (Associação Amigos dos Animais de Nova Odessa) e presenciou situações de animais amarrados com arames ou cordas curtas e cercado por fezes, sem mobilidade – o que gera estresse físico e mental. No fim de ano, os casos mais comuns são de abandono. “As pessoas me procuram dizendo que achou um cachorro bonito. Quando falo que eu não pego e os abrigos estão cheios, a pessoa fica brava. E conversando você percebe que a pessoa vai viajar, ela não quer se desfazer do cachorro, mas quer levar para algum lugar”, exemplifica.

Para Leitinho, ainda falta conscientização sobre a posse responsável. “As pessoas têm que entender que quando você pega um animal está adotando um filho, um amigo, um irmão. Tem que dar as vacinas, dar carinho, amor, companheirismo, colocar numa casinha para dormir, ter ração, ter água. Isso é fundamental. Se não for para fazer isso, falo para nem adotar. As pessoas devem ter a percepção de que os animais são como a gente, eles sentem dor, fome, frio. Só não sabem falar”, declarou.

 
 

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