Americana, Hortolândia, Nova Odessa, Santa Bárbara d’Oeste e Sumaré, que teriam usado 52 doses fora da validade, negam a informação
Prefeituras das cinco cidades da região negaram nesta sexta-feira (2) terem aplicado qualquer dose da vacina da AstraZeneca contra a Covid-19 fora do prazo de validade.
Segundo reportagem desta sexta do jornal Folha de S.Paulo, dados oficiais do Ministério da Saúde apontam que quase 26 mil doses vencidas do imunizante de origem britânica, de oito lotes específicos, foram aplicadas em 1.532 cidades do Brasil.
A reportagem, que trouxe uma listagem dos municípios, apontou que ao menos 52 dessas 26 mil doses teriam sido utilizadas em Americana, Hortolândia, Nova Odessa, Santa Bárbara d’Oeste e Sumaré.
As prefeituras de todas as cinco cidades citadas, no entanto, emitiram notas oficiais ao longo do dia de ontem, negando a informação.
Algumas disseram tratar-se de “erro de digitação”, outras alegaram que as vacinas dos lotes apontados foram aplicadas, mas dentro do prazo de validade.
Segundo a reportagem da Folha, entre os 20 municípios da RMC (Região Metropolitana de Campinas), 15 têm registros de aplicação de vacinas supostamente vencidas, totalizando ao menos 175 doses.
Campinas, com 87 doses nessa listagem, também negou ter aplicado vacinas vencidas.
Quem eventualmente recebeu esses imunizantes precisará tomar a vacina novamente e não deve apresentar nenhum problema em decorrência disso, segundo as autoridades de Saúde.
Todos as 26 mil vacinas fora do prazo de validade apontados pela Folha integram oito lotes importados da AstraZeneca. Um deles passou da validade no dia 29 de março. O que venceu há menos tempo estava válido até 4 de junho. Tratam-se dos seguintes lotes: 4120Z001; 4120Z004; 4120Z005; CTMAV501; CTMAV505; CTMAV506; CTMAV520; e 4120Z025.
O lote pode ser conferido na carteira individual de vacinação.
Além dessas 26 mil doses, segundo a Folha, outras 114 mil doses da vacina AstraZeneca que foram distribuídas a estados e municípios dentro do prazo de validade já expiraram. Mas ainda não está claro se foram descartadas ou se continuam sendo aplicadas.
REGIÃO NEGA
Conforme os registros do Ministério, na região a cidade que aparece na listagem com mais doses aplicadas de vacinas vencidas seria Sumaré, num total de 18. Teriam sido oito na USF (Unidade de Saúde da Família) CS II, na região central, sete na USF Nova Terra, uma na USF CIS Nova Veneza, uma na USF Picerno e uma na USF Maria Antonia. A prefeitura, porém, negou.
“A Secretaria Municipal de Saúde solicitou à equipe técnica um relatório atualizado de todos os lotes de vacina contra a Covid-19 recebidos até o momento pelo município. Por meio desse ‘inventário’ atualizado na tarde desta sexta-feira, 2 de julho, foi constatado que, entre os lotes mencionados pela reportagem, Sumaré recebeu apenas o CTMAV520, no dia 26 de abril, porém, essas doses com validade até 31/05 foram distribuídas e aplicadas na população em 30/04, ou seja, um mês antes do prazo de vencimento”, informa nota oficial da Saúde. “A Secretaria de Saúde de Sumaré informa que iniciará uma minuciosa apuração dos dados do município no sistema VaciVida, do Governo do Estado, a fim de identificar se houve algum problema no registro das informações”.
Em Americana teriam sido 17 doses de vacinas vencidas aplicadas, sendo 12 no posto médico da Vila Galo, quatro no Jardim Brasil e uma no Parque Gramado. A prefeitura, contudo, também negou a informação. “Americana não fez nenhuma aplicação de vacina vencida. Em relação às 17 doses de vacina vencidas do laboratório AstraZeneca, informadas ao município, a Vigilância Epidemiológica realizou contatos com os moradores que receberam (as doses) e pediu para que eles enviassem foto do cartão de vacina, onde consta o número do lote, sendo que esse número não corresponde ao lote informado no sistema, ou seja, o que houve foi erro de digitação, portanto”, afirmou a prefeitura, via assessoria de imprensa.
Hortolândia, que no sistema registra dez doses vencidas aplicadas, sendo nove na UBS (Unidade Básica de Saúde) Santa Clara e uma na UBS Nova Hortolândia, também negou a informação.
“A Prefeitura de Hortolândia, por meio da Secretaria de Saúde, informa que não houve vacinação de pacientes com lotes de imunizantes vencidos. Com relação a aplicação das doses dos lotes: 4120Z005 recebido no dia 26/01 e com data de envio ao posto de vacinação entre os dias 01/02 e 18/03, com vencimento em 14/04, e 4120Z001 recebido no dia 25/02 com envio ao posto de vacinação entre os dias 02/03 e 18/03 e com vencimento em 29/03, foram destinados aos profissionais de saúde e idosos, grupo prioritário para a vacinação nos meses de fevereiro e março de 2021. Portanto, todas as doses foram aplicadas dentro do prazo de validade”.
Em Santa Bárbara d’Oeste teriam sido apenas cinco doses vencidas: duas na UBS Dr Hélio Furlan, na Cidade Nova, duas na UBS Dr. Felício Fernandes Nogueira, no Mollon IV, e uma na UBS Regional Zona Sul, no Vista Alegre. A Secretaria de Saúde da cidade também negou a informação e aponta possível inconsistência nos registros.
“A Secretaria de Saúde de Santa Bárbara d’Oeste informa que não houve no Município aplicação de doses vencidas de quaisquer lotes de vacinas recebidos pelo Estado. A pasta ressalta que averigua inconsistências no registro das doses citadas, quando as mesmas foram inseridas no sistema oficial da vacinação”.
Nova Odessa, que teria aplicado apenas duas doses vencidas – uma na UBS VI, no Jardim Marajoara, e outra no PSF do bairro São Jorge – disse que houve falha nos registros e que ninguém foi vacinado com imunizantes fora do prazo. “Segundo a Vigilância Epidemiológica, tratam-se se simples erros de digitação no Sistema VaciVida. As duas doses efetivamente aplicadas eram de outro lote, dentro da validade. Dessa forma, nenhum morador da cidade precisa ser revacinado”, informou a prefeitura, em nota oficial.