sábado, 27 abril 2024

Vinho: A bebida da pandemia

Segundo a Product Audit International, maior empresa de auditoria de importação do Brasil para o setor de bebidas, o aumento das importações de vinho foi de 43% nos últimos doze meses 

Aumento do consumo de vinho no período da pandemia (Foto: Divulgação)

A pandemia de Covid-19, definitivamente, interferiu fortemente no comportamento dos brasileiros. Não apenas porque todos tivemos de ficar em casa, mudar de hábitos e redobrar os cuidados com a higiene, mas, sobretudo, porque, além de trabalhar em home office, também sobrou tempo para ficar com os filhos, para cozinhar e, ao que parece, para apreciar bons vinhos.

Segundo a Product Audit International, maior empresa de auditoria de importação do Brasil para o setor de bebidas, o aumento das importações de vinho foi de 43% nos últimos doze meses, entre julho de 2020 e junho de 2021. O volume ultrapassou as 18 mil caixas, isto é, mais de 220 milhões de garrafas que entraram no País, no período.

E, no mercado interno, a produção nacional de vinhos também vive um bom momento: de janeiro a junho deste 2021, a venda de vinhos finos brasileiros praticamente alcançou todo o volume registrado em 2019. Comparado ao mesmo semestre de 2020, o crescimento foi de 41,15%, passando de 10,8 milhões de litros para 15,2 milhões de litros. Os dados são da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), com base no Sistema de Cadastro Vinícola da Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul.

“Esse aumento acontece há décadas, desde que eu trabalho com vinhos, há 30 anos. O consumo, a importação, a produção, comercialização, vem tudo crescendo a um certo nível. Na pandemia houve um aceleramento disso. Com as pessoas em casa, aparentemente, o vinho foi adotado como a bebida da pandemia e quem ia para o bar tomar cerveja ou destilados, coquetéis, ficou em casa tomando vinho com a família. Então, esse consumo de fato cresceu. Com isso, cresceu a importação e a comercialização de vinhos brasileiros”, esclarece o especialista em vinhos e colunista do Clube Gourmet, do Jornal TODODIA, Marcelo Copello.

Copello atribui esse acrescimento ao mercado como um todo, e, segundo informa, quem se destacou nesse período de pandemia foram os e-commerces. “As pessoas começaram a comprar online, deixaram de comprar na loja”.

Apesar dos números expressivos do setor, o especialista lembra que o consumo per capta (por pessoa) ainda é pequeno no Brasil, frente aos padrões internacionais, pela falta de cultura em relação ao consumo de vinhos no País e pelo preço, que carrega uma forte carga tributária e, comparado ao valor da cerveja, ainda é mais caro para a população.

Conforme Copello, o Brasil tem uma população de 212 milhões de habitantes e um consumo de vinho de apenas dois litros per capita, registrado em 2020, mesmo assim, há espaço para crescimento, porém de forma lenta.

“A população brasileira é muito grande, com uma base grande de crianças, que não bebem. O consumo relativo ao País é pequeno e esse crescimento sempre vai depender da macroeconomia. Se o povo tiver poder aquisitivo, compra mais, se o dólar subir, o preço sobe e a população compra menos. Mas o crescimento vai continuar, como sempre vi, há décadas. É um caminho sem volta”, analisa. 

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