sábado, 27 abril 2024

Câmara de Americana muda de prédio em dezembro, diz presidente

Em entrevista, Thiago Martins avalia gestão e aposta no corte de gastos 

THIAGO MARTINS | “O momento é de enxugar”, afirma (Foto: Divulgação)

Há 300 dias como presidente da Câmara de Vereadores de Americana, completados nesta segunda (25), o vereador Thiago Martins (PV) afirma que tem trabalhado aproximadamente 12h por dia. “Hoje, independentemente de horário, saio de casa e não tenho hora para voltar. Estou fazendo a minha obrigação”, diz.

Subsecretário de Transportes e Sistema Viário em 2013, Martins foi o vereador mais votado de sua coligação nas eleições de 2016 (1.032 votos), e o segundo mais votado da cidade em 2020 (1.796 votos). Acumula ainda a vice-presidência do Parlamento Metropolitano, formado pelos presidentes do Legislativo de 20 cidades da RMC (Região Metropolitana de Campinas). Ele é objetivo em dizer que quer ficar na história da cidade pelo legado deixado pela legislação atual. O vereador recebeu o TODODIA para conversar sobre os quase 11 meses na função.

TODODIA – A Câmara se prepara para mudar de prédio. Seria sua marca como presidente da casa nesse período?

Thiago Martins- Na verdade, o primeiro momento quando a cheguei à frente da Câmara Municipal, a ideia nossa era a construção do novo prédio. Os ex-presidentes já batiam na tecla do Legislativo ter um prédio novo. Poder construir para a gente sair do aluguel. Ali a gente sentou com todo o pessoal da Casa, com os funcionários concursados, de carreira, com o engenheiro responsável pela Câmara e começamos a fazer um levantamento, já pegando o projeto de construção existente, que gastaríamos entre R$ 10 milhões e R$ 15 milhões. Isso me assustou. Estamos em uma pandemia, em um momento complicado, não sabemos o que vai acontecer no próximo ano, estamos passando um momento econômico muito difícil, empresas fechando e gente ficando desempregada e vamos pegar R$ 15 milhões e investir em um prédio novo? Nesse momento seria muita irresponsabilidade. Você pode dizer: ‘mas a Câmara tem dinheiro’. Tem, sim. A Câmara recebe duodécimo, dinheiro vem para a Câmara, tinha todo o planejamento para investir esse valor. Mas lembrando: se não gastarmos esse dinheiro, ele retorna à prefeitura, que pode utilizar em outros investimentos. O momento agora é de enxugar, é ter responsabilidade.

E o que foi decidido?

Planejamentos e decidimos diminuir o aluguel. Tentei uma negociação com o dono do prédio atual. Tentei uma carência ou que ele diminuísse o valor, para que a gente pudesse baixar o custo, que hoje é de R$ 67 mil por mês. Não mostraram interesse em negociar. Não é simples mudar uma Câmara Municipal. Começamos procurar e surgiu o prédio novo. No primeiro contato me pediram R$ 80 mil de aluguel, descartamos, entramos em uma negociação e seis meses depois assinamos o contrato no valor de R$ 45 mil. Hoje são R$ 22 mil a menos de locação, sem falar em manutenção, IPTU e qualidade de prédio. São mais de R$ 250 mil por ano de economia e R$ 1 milhão a cada legislatura. Por isso, decidimos não construir e reduzir. O prédio já está sendo adequado dentro da negociação. Assumimos o prédio em primeiro de dezembro próximo, quando a gente entra com a parte de infraestrutura, as instalações necessárias para funcionar. O planejamento é mudar no recesso, entre os dias 20 de dezembro e 20 de janeiro e voltar com a legislatura na casa nova.

Enxugar a máquina é sua bandeira?

Sim, é de responsabilidade e austeridade com o dinheiro público. Desde o primeiro dia, se pegarmos as licitações que a Casa vem fazendo, não dei andamento em contrato. A maioria dos contratos que tínhamos eu sempre levei para cotação, mania que trago da experiência com a área de eventos. Pensei em reduzir. O nosso escritório contábil custava R$ 5,7 mil por mês, hoje custa R$ 1,8 mil. O convênio médico foi trocado, mudei para Unimed e baixou R$ 9 mil por mês em mensalidade. Tínhamos um contrato da TV Câmara e fizemos uma licitação nova e está baixando de aproximadamente R$ 750 para R$ 500 a hora de transmissão. A mudança da Câmara é o que dará um resultado muito grande no final, mas a gente tem feito algumas ações que estão fazendo a diferença, sem desmerecer os presidentes anteriores.

Em relação à compra dos respiradores do Hospital Municipal, feita com dinheiro devolvido pela Câmara, você tem acompanhado o processo de investigação por irregularidades pelo Ministério Público?

Tenho acompanhado a questão desde o primeiro momento. Apesar de não ser responsabilidade minha, de não ter acesso em compra. Eu como presidente da Câmara só pude fazer a ação de disponibilizar o dinheiro para devolver para o prefeito. Como foi feito uma ação para lá (prefeitura) eu tive o cuidado de acompanhar desde o primeiro minuto, cobrando secretário e funcionários que fizeram a compra e, de verdade, em momento algum teve irregularidade. Tanto que está sendo investigando pelo Ministério Público e digo com tranquilidade, se tiver algo de errado que essa pessoa seja punida. Chegamos a discutir a abertura da CEI (Comissão Especial de Inquérito) e quando ela é aberta, o procedimento é entregar um relatório ao MP. Como já foi aberto pelo órgão, qual papel a Câmara estaria fazendo se já estão com tudo em mãos? Temos muito mais trabalho do que ter gastos para discutir algo que já está sendo analisado.

A Câmara tem aprovados projetos importantes do Executivo, como a adesão ao Cismetro (Consórcio Intermunicipal de Saúde), os empréstimos para o DAE (Departamento de Água e Esgoto) e Secretaria de Obras e aumento de ITBI (Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis). Como é hoje a relação entre Executivo e Legislativo?

A relação é muito próxima. Não é segredo para ninguém que o Chico (Sardelli, prefeito) e eu somos amigos, ele me conhece desde criança. Acompanho a trajetória dele há 20 anos. Mas sempre bati muito na tecla que mesmo amigo dele e o respeitando muito, nós da Câmara temos independência. A Casa não é puxadinho da prefeitura, ela tem a autonomia e autoridade dela. Com a experiência que o prefeito teve no Legislativo, ele sabe tratar os vereadores com respeito, independentemente de sigla. As portas da prefeitura estão sempre abertas, coisa que não acontecia em outras legislações. É uma prefeitura unificada e isso reflete nas votações. Não é uma questão de oposição ou base, mas quem quer ou não ajudar o município.

Então, você considera que é um momento de estabilidade política e administrativa na cidade?

Eu sou muito otimista. A cidade tem seus problemas. A administração tem muito a construir, mas nesse momento com 10 meses de mandato eu estou realizado e otimista com os próximos meses e com o próximo ano. A cidade está caminhando muito melhor do que há seis e sete anos quando passamos por cassação de prefeito, eleição fora de época, lixo nas ruas e quase R$ 1 bilhão de dívida. A cidade tem muito a fazer, mas está no trilho certo.

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