Além do furto dos aparelhos, bandidos aplicam golpes pelo sistema Pix; polícia atua contra quadrilhas, mas, apenas neste ano, casos de roubo de smartphones cresceram 12% e, de furto, 18% nas cidades da região
Com objetivo de dar grandes prejuízos, criminosos miram smartphones para roubar muito mais que aparelhos para revenda. Por armazenarem diversas informações da vítima e aplicativos de contas bancárias com senhas salvas, ao furtarem celulares, ladrões têm acesso a praticamente tudo e fazem verdadeiros “limpas” nas economias de moradores da região. Segundo a Secretaria Estadual de Segurança Pública, na região, os casos de roubo de celulares cresceram 12% este ano, em relação a 2021. As ocorrências de furto saltaram 18,5% no período.
Especialista em segurança da informação e professor da Fatec, Rogério Nunes explica que, com a chegada da nova modalidade de transferência bancária, o Pix, o alvo dos ladrões não é apenas vender o aparelho. “Os smartphones têm sido muito utilizados para efetuar transações bancárias por meio de aplicativos oferecidos pelos bancos. Esta utilização cresceu muito com a criação do Pix, haja vista a facilidade de efetuar pagamentos utilizando este recurso. Sendo assim, se antes os criminosos roubavam os aparelhos com o intuito de apenas vendê-los, agora estes criminosos estão buscando as informações bancárias das vítimas”, explica o profissional.
O delegado assistente da Delegacia Seccional de Americana, Claudinei Albino Xavier, revela que, com o celular em mãos, bandidos têm um leque de possibilidades para cometer crimes. “De posse do celular desbloqueado, o criminoso pode acessar aplicativos bancários e efetuar transações financeiras. O simples acesso aos dados bancários (número da conta corrente, agência e CPF) já permite ao criminoso aplicar outros golpes, principalmente o de compras na internet, que juridicamente é uma modalidade de estelionato, dentre as várias existentes”, afirma.
Para o investigador chefe da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Americana, Eduardo Cesar Ribeiro, o aumento dos registros de roubos na região acontece devido à facilidade de adquirirem informações das vítimas. “O celular é algo fácil para roubarem e terem um retorno rápido. Até mesmo o valor agregado ao próprio aparelho. Alguns chegam a custar até R$ 15 mil”, diz o investigador.
Segundo a Secretaria Estadual de Segurança Pública, na região os casos de roubo de celulares cresceram 12% nos primeiros dois meses do ano, em relação a janeiro e fevereiro de 2021. Já os casos de furto tiveram um aumento de 18,5%, em igual época. Americana, Nova Odessa, Hortolândia, Santa Bárbara d’Oeste e Sumaré registraram 280 roubos de aparelhos telefônicos em janeiro e fevereiro deste ano, dados mais recentes para consulta. Enquanto em 2021, no mesmo período, foram 250 casos.
Americana e Nova Odessa são as duas cidades da região em que os números de roubos de celulares aumentaram em um ano. De acordo com os dados da pasta estadual, Americana teve alta de 20,8% e Nova Odessa, de 333,3% nos casos. Já Hortolândia, Santa Bárbara d’Oeste e Sumaré tiveram queda nas ocorrências nos dois primeiros meses do ano. Santa Bárbara d’Oeste foi a cidade com o maior índice de redução: 25,9%, seguido por Hortolândia, 17,8%, e Sumaré, 2,3%.
Os casos de furto de smatphones na região cresceram em Americana (65%), Nova Odessa (185,7%) e Sumaré (30,9%). Já Hortolândia manteve os números e Santa Bárbara d’Oeste reduziu em 48,2%.
No ano de 2021, Sumaré foi o município com o maior número de casos de roubos e furtos de celulares. Em um ano foram registrados, no total, 1.113 casos.
O delegado do 1° Distrito Policial de Sumaré, Marcelo Moreschi, explica que havia a presença de uma quadrilha na cidade, que agia na madrugada nos pontos de ônibus e tinha como alvo os smartphones. “Fizemos duas operações no ano passado, uma em agosto e outra em outubro, e mais duas em março e abril deste ano. Deflagramos uma quadrilha de moto, que roubava celulares em pontos de ônibus, na madrugada, entre 4h e 6h, na área do Matão, Área Cura e Nova Veneza”, disse. Moreschi também pontua que a justificativa para a queda nos casos são as ações das equipes nessas quatro operações.
ORIENTAÇÃO
Rogério Nunes, especialista em segurança da informação, orienta que os usuários utilizem ferramentas que dificultem o acesso dos criminosos aos celulares em caso de roubo, como biometria, reconhecimento facial e dupla autenticação. “Nos aparelhos mais novos existe o eSIM (SIM card virtual). Depois de ter o celular furtado, é possível localizar remotamente o aparelho, bloquear ou desbloquear e excluir os dados”, informa o especialista. Ele ainda acrescenta que as instituições bancárias têm investido em pesquisas para aumentar a segurança dos dados de seus clientes.