Equilíbrio

Contagem regressiva para o fim do ano. Pouco mais de 60 dias nos separam de 2023. A intensidade com que as coisas aconteceram este ano resulta em estarmos sem forças nessa reta final. É engraçado como nossas energias vão se esvaindo ao longo do ano e basta virar o calendário para que elas se renovem.

Quanto mais cansados ficamos, mais vozes habitam em nossas cabeças. O psicológico acaba prejudicado e nos leva a pensamentos sabotadores e desconfianças mil. Chega uma hora que não sabemos o que é real e o que é inventado.

Fica difícil se equilibrar dentre tantas perspectivas. A gente tenta se encaixar em todas as situações para sermos aceitos – por mais que neguemos isso – mas nossa natureza acaba por cobrar logo em seguida.

É tanta preocupação! Nos enchemos de coisas e afazeres. Nos cobramos pelos resultados e buscamos por dias mais calmos. Quando a calmaria chega, nos culpamos pelo ócio.

É uma tentativa generalizada de tentar abraçar o mundo, o tempo todo, mesmo quando não cabe em nossos braços. Em tempos mais reflexivos, o passado se faz presente e você começa a alucinar com situações de antes, às do dia a dia, remetendo àquele tempo que você viveu. É nessa hora que a melancolia chega e você se divide entre a nostalgia e o sentimento de querer poder fazer algo ainda pelo o que já passou.

Somos tão controversos. Há ainda quem diga se sentir seguro em todas as suas decisões tomadas sem olhar para atrás com arrependimentos ou dúvidas. Só consigo pensar se fiz tudo o que podia e suguei ao máximo o que as situações puderam me oferecer.

Quando damos por si, estamos em puro desequilíbrio. Talvez seja o cansaço mesmo somado ao reencontro com o que já passou. Ou talvez a gente esteja questionando todos os ensinamentos e aprendizados que tomamos ao longo da vida, revendo nossa trajetória e o próximo passo.

Comparando à caminhada de outras pessoas, no fundo vemos que, apesar das escolhas feitas, o caminho é difícil para todo mundo. Viver é estar numa busca constante em saciar nossas necessidades e sonhos, tentando manter o equilíbrio em meio às frustrações, expectativas e o medo de errar.

Um dia nos sentimos imbatíveis o suficiente ao ponto de não deixar nada e ninguém nos diminuir. No outro, queremos passar invisíveis para não sentirmos o peso de uma palavra atravessada e que pode acabar com o seu dia.

Você ainda não descobriu a fórmula correta para lidar com todos esses sentimentos. E quanto mais o tempo passa, mais convicção tenho de que todos convivem com esses altos e baixos todos os dias, buscando equilíbrio.

Se ele existe, não perdura muito. No fundo ninguém é tão equilibrado quanto parece. Controlado sim, ainda que aparente. Internamente não temos como acessar e comprovar. Equilíbrio é lapso de momento e passageiro. Sigo em busca dele. Embora entenda que todo momento tem a sua necessidade e reflexão a propor. Deixar fluir é a melhor opção. Sempre olhando com carinho para quem você foi e é agora.