POR AILTON GONÇALVES DIAS FILHO / PASTOR PRESBITERIANO
Na próxima segunda-feira, dia 31 de outubro, os cristãos reformados celebrarão o 505º aniversário da Reforma Protestante. A data, 31 de outubro de 1517, faz referência ao gesto do Padre Martinho Lutero de afixar nas portas de sua paróquia suas 95 teses. Nelas Lutero combatia, com veemência, as vendas das indulgências por parte da liderança da Igreja. O gesto deu continuidade ao movimento da Reforma da Igreja, dando origem a uma nova forma de ser Igreja.
Hoje, passados cinco séculos, olhamos para as Igrejas de origem reformada em nosso país e não somos capazes de reconhecer nelas nenhum traço que lembra a Reforma. A Igreja perdeu o seu protagonismo espiritual. Distanciou-se dos pilares do movimento reformador e não sabe mais qual é o seu papel. Às vésperas da eleição dos líderes da República somos lembrados apenas como massa de manobra na mão de políticos sem nenhum escrúpulo. A Igreja deixou de ser a consciência do Estado. Hoje ela se mistura e se confunde com o Estado. Perdeu sua capacidade profética. Perdeu o respeito e sua relevância.
A Reforma fincou os pés nas Escrituras Sagradas. Os reformadores reconheciam nas Escrituras Sagradas a única fonte normativa e autoritativa para a vida da Igreja. Hoje, em muitas Igrejas ditas reformadas, as Escrituras são relativizadas. A experiência humana fala mais alto, infelizmente. Urge resgatar os valores da Reforma. O axioma “Sola Scriptura”, tão caro para os reforma dores, já não faz muito sentido para muitas Igrejas ditas protestantes.
A Reforma Protestante trouxe à tona muitas verdades esquecidas com o tempo. Verdades que não podemos e não devemos esquecer. A justificação de nossa vida pela fé é, talvez, a mais importante delas. Outra verdade é uma frase que foi cunhada após a Reforma de que uma Igreja reformada está sempre se reformando. Isto precisa ter sentido hoje! Precisa ser verdadeiro hoje. Não tem sido, infelizmente.
“Igreja reformada, sempre se reformando” é um cuidado que a Igreja tem que ter consigo mesmo para não perder sua relevância, sua história, sua missão, sua capacidade de se reimaginar sem negociar seus princípios e seus valores. É a capacidade de ser “sal da terra e luz do mundo” para todas as gerações.
Que o aniversário da Reforma nos faça olhar para nosso próprio umbigo e nos reimaginar como Igreja do Senhor Jesus Cristo nestes dias tão turbulentos. Que Deus nos ajude! É isso!.