sexta-feira, 22 novembro 2024

Nova Viçosa, Bahia

A região de Abrolhos promete observação de baleias jubarte na temporada de reprodução, que vai de julho a novembro. 

O Parque Nacional Marinho é uma unidade de conservação com 87.943 hectares, biodiversidade elevada e grandes recifes de corais -que chamaram a atenção até do naturalista britânico Charles Darwin (1809-1882), quando ele colocou os pés ali, em 1832. 

O local é o principal berçário de baleias jubarte no Atlântico Sul. Mas chuvas e ventos fortes podem trazer uma maré de azar e salgar os planos. Nesse caso, a água doce e o mangue são opções para passar o tempo até que os barcos possam voltar ao mar. 

 
Casa na Ilha de Barra Velha

Mesmo depois da tormenta, a agitação das águas torna arriscada a navegação. A saída é ficar em terra, em alguma das cidades que fazem parte da costa das baleias, formada por Caravelas, Nova Viçosa, Prado, Alcobaça e Mucuri. 

As praias, que no período do verão exibem água límpida, apresentavam mar barrento e lixo, aparentemente trazido pela maré, no período em que a reportagem as visitou. 

Algumas dessas praias têm histórias conhecidas, como por exemplo Pontal da Barra e Praia Lugar Comum, em Nova Viçosa. Nessa área, onde há o encontro entre o mar e o rio Peruípe, formam-se ondulações nas areias, as quais serviram de base para algumas das obras do artista plástico e ativista ambiental Frans Krajcberg. Polonês naturalizado brasileiro e morador ilustre de Nova Viçosa, ele morreu em 2017, deixando ali, no Sítio Natura, todo o seu acervo (leia abaixo)

Rio Peruípe

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Fora dos pontos turísticos mais óbvios de Nova Viçosa e das praias mais movimentadas está o manguezal na Reserva Extrativista (resex) de Cassurubá, que é o maior da Bahia. A área de mangue no local, de acordo com a ONG WWF-Brasil, é de 10.589 hectares, o que representa pouco mais de 10% da área total da reserva. O Brasil tem a segunda maior cobertura de manguezais -ecossistema que é importante berçário de espécies- do mundo. 

No passeio de barco pela área que abrange o mangue, que sai do porto da cidade e segue pelo rio Peruípe, com alguma sorte é possível ver até botos. Pelo caminho, as escunas passam próximo a estreitos braços do rio, somente acessíveis por embarcações menores. 

Uma das possibilidades é seguir até Barra Velha, na Ilha Cassumba, uma comunidade tradicional que vive na resex de Cassurubá. Engloba também áreas dos municípios de Alcobaça e Caravelas. 

O desembarque em Barra Velha ocorre em um cais de madeira, ao redor do qual é possível ver o movimento e os pequenos buracos dos caranguejos no mangue. 

Já no povoado, Penha, como é conhecida Maria da Penha Matos, 67, serve refeição a turistas. Porém, é preciso avisá-la com alguma antecedência, pelo menos na manhã do dia em que almoçará na ilha – os pescadores no porto podem ajudar no contato com ela. No cardápio há peixe frito, moquecas e galinhada, feita com as aves criadas pela própria Penha. 

Perto da casa-restaurante, próximo à escola da comunidade, é possível ouvir algumas histórias locais do mais antigo morador da ilha, Domingos Correia do Nascimento, 97, descendente de portugueses e africanos, segundo ele mesmo. Os bisavós dele ali se instalaram e, desde então, a família viveu no local. Somente dois dos 12 filhos de Domingos, contudo, ainda moram na região. 

“Tinha muito morador aqui. Depois foi morrendo, outros foram se mudando, e a ilha ficou vazia”, conta Domingos, que diz gostar de conversar com os visitantes.

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