domingo, 10 novembro 2024

‘É como vejo muitos homens da minha idade’, diz ator e roteirista sobre ‘Quase Feliz’

A minissérie “Quase Feliz” tem sido um sucesso na América Latina. Seu protagonista, que tem o mesmo nome -Sebastián- e o mesmo emprego -radialista- que o comediante Sebastián Wainraich, 46, na vida real, crê que a explicação pode estar, entre outras coisas, ligada à sensibilidade mais aguçada de todos nesse período da quarentena. 

“A estreia da série neste momento pegou as pessoas com uma necessidade de rir muito grande, ao mesmo tempo em que nos agarrou em um momento de grande vulnerabilidade”, conta Wainraich em entrevista à Folha de S.Paulo. 

A história, escrita e protagonizada por ele, trata da vida de um sujeito de meia idade, que tem um programa de rádio de sucesso, mas não sabe lidar bem com a própria imagem pública, cometendo várias trapalhadas. 

Sua vida gira em torno de suas fragilidades, em especial para estabelecer e reforçar seus vínculos afetivos, com a ex-mulher, com os filhos, com os pais e o irmão. Não é por menos que a obra de teatro, meio stand-up, meio comédia, que ele tinha em cartaz quando a pandemia chegou, tinha esse nome: “Frágil”. É um tema pelo qual é apaixonado. 

“Creio que expor a fragilidade masculina é uma coisa típica dos portenhos. Somos uma sociedade muito psicoanalizada, ao mesmo tempo em que os homens sentem muitas pressões. Talvez sejamos diferentes de homens brasileiros, mexicanos, colombianos por não termos vergonha de expor essas vulnerabilidades. Talvez seja a temperatura, você vai subindo para o norte e as pessoas parecem ser mais felizes do que nós, aqui no sul”, teoriza, brincando. 

Wainraich conta que a série é apenas “em parte” autobiográfica, principalmente por conta do lado afetivo. “Acho que não estou atualmente com tantos conflitos de relação como o Sebastian da série, mas é como eu vejo muitos homens da minha idade hoje”. 

Apesar de fazer rádio há mais de 30 anos, Wainraich também escreve roteiros de TV, teatro e cinema. Protagonizou, em 2016, “Una Noche de Amor”, com direção de Hernán Guerschuny, que também conduz “Quase Feliz”. E, para o teatro, “Wainraich y los Frustrados”, com direção de Nano Zyssholtz. Outra coisa que tem em comum com o protagonista é ser um torcedor fanático do Atlanta. Na Argentina é ainda muito comum existirem times de bairro com apoiadores muito fiéis. 

O Atlanta é um clube pequeno, cujos dias de glória foram há mais de 30 anos, quando ainda jogava a primeira divisão do futebol argentino. O local em que Wainraich cresceu, entre Villa Crespo e Chacarita, é a “casa” do Atlanta, e há vários comércios e bares com o nome do time ou o emblema com suas cores, o amarelo e o azul, pintados na rua. 

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