Na manhã desta quarta-feira (19), em coletiva realizada em Bruxelas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse que o Brasil junto aos outros três países que compõem o Mercosul – Argentina, Paraguai e Uruguai – deve dar uma resposta para carta enviada pela União Europeia, sobre acordo comercial entre os dois blocos, “em duas ou três semanas”.
Segundo Lula, o acordo entre os blocos que vem sendo discutido há duas décadas está tendo passos bem otimistas e deve ser concluído ainda neste ano, enquanto o Brasil assume a presidência rotativa do bloco. Lula acredita que europeu devem aceitar as propostas do Mercosul com tranquilidade.
Apesar do otimismo, o presidente voltou a criticar o tom de “ameaça” do documento enviado pela UE, que diz trazer punições, caso a Mercosul não cumpra alguns requisitos ambientais. “Dois parceiros estratégicos não discutem com ameaças, mas com propostas. Foi isso que dissemos à União Europeia sobre o acordo com o Mercosul”, disse Lula.
Lula defende que o bloco não abrirá mão de manter o controle sobre as compras governamentais em um eventual acordo, e que as aquisições do governo são estratégicas para o processo de “reindustrialização do Brasil”.
“O problema da dificuldade não é só por conta da América Latina”, falou Lula, “da mesma forma que a França tem essa primazia de defender a unhas e dentes o seu patrimônio produtivo, o Brasil tem que defender o nosso”.
“A riqueza da negociação é que alguém tem que ceder. Um quer 100%, só vai ficar com 90%. O outro quer 90%, pode chegar a 95%. É isso que significa negociação”, completou. Para Lula, mesmo que um bloco não queira aceitar um ponto do acordo, os outros interesses devem ser mantidos e realizados.
Após oito anos que governou em outros mandatos, e todo esse período que esteve fora da cadeira do executivo, o presidente diz que agora sente que a União Europeia está “interessada em voltar de verdade para a América Latina”.
O interesse do bloco europeu em realizar acordos com o bloco sul-americano se vem pela questão do clima e energética. Para Lula América do Sul produz a energia verde que a Europa precisa. “Volto feliz ao Brasil porque restabelecemos de forma madura as relações com a União Europeia”, finaliza o político.
Em entrevista ao El Universal, a presidente do bloco europeu Ursula von del Leyen disse que se compromete pessoalmente a selar este acordo entre os dois blocos.
Coletiva da CELAC e UE
A coletiva foi realizada para abordar a 3ª Reunião de Cúpula das Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e União Europeia (UE). Durante dois dias – 17 e 18 de julho – 60 países estiveram presentes para discutir os principais desafios das democracias envolvendo as três regiões.
Entre os temas abordados, os países abordaram as mudanças climáticas; comércio e desenvolvimento sustentável; inclusão social; recuperação econômica pós-pandemia; transição energética, transformação digital justa e inclusiva; migrações; reforma da arquitetura financeira internacional; luta contra o crime organizado e cooperação para o desenvolvimento desses países.
Para a imprensa mundial, Lula diz que a reunião foi extremamente exitosa. “Acho que de todas as reuniões que participei com a União Europeia, essa foi a mais exitosa. Há oito anos não havia reunião da CELAC. A participação de 60 países demonstrou de forma inequívoca o interesse da União Europeia de voltar seus olhos para a América Latina”, afirma.
Além dos dois dias de cúpula e acordos, o presidente participou de 10 reuniões bilaterais e disse que todos os países estão interessados em vir ao Brasil – e que ele também estaria interessado em visitar esses outros países para demais acordos.