Parece que foi ontem que “um mineiro com cara de matuto”, aos 19 anos de idade, largou sua terra natal e veio para Campinas estudar teologia. Depois de quatro anos de estudo, fui ordenado ministro presbiteriano.
Na última segunda-feira, dia 24 de julho, completei 35 anos de ordenação pastoral. Lembro-me do salmista dizendo que “tudo passa rapidamente, e nós voamos”. 35 anos se passaram. Quantas lembranças. Quantas saudades de caminhos outrora percorridos. Quantas experiências adquiridas e vividas na companhia do povo de Deus.
O pastorado, levado a sério, não é fácil. Aprendi com outro pastor que é “a arte de levar sopapos e distribuir sorrisos”. É a arte de relevar, de andar uma segunda milha, de oferecer um ombro amigo mesmo quando você está precisando de um.
Agradeço a Deus porque, mesmo depois de tantos anos, vou para o trabalho com o mesmo entusiasmo de outrora. A disposição não diminuiu, permanece. O objetivo é o mesmo.
Procuro sempre acatar a orientação do velho apóstolo Paulo dada a Timóteo para que ele não negligenciasse o dom especial que recebeu com imposição de mãos do presbitério.
Minha vocação está intacta. Minha visão, ampliada. Meu ministério, expandido. Sempre derrubando muros e construindo pontes, tentando “construir masmorras aos vícios e templos às virtudes”.
Lembro-me de meu primeiro ato pastoral. Em Santa Margarida/MG, tinha acabado a reunião do Presbitério, às duas horas da manhã. Designado para meu primeiro campo de trabalho com uma missão inesperada.
Consolar uma mãe que perdera, em acidente na rodovia, seus dois filhos. Como fazer isto? Que palavras usar para uma mãe em uma situação assim? Em meu primeiro ato pastoral descobri que mesmo o pastor, em alguns momentos, não tem o que falar. Há momentos que o silêncio se impõe. A presença fala mais alto.
Olho para trás com gratidão. Não sei quanto tempo me resta. Quero somente continuar combatendo o bom combate e completar a carreira, preservando a fé que recebi de presente. Olho para o futuro com esperança, sempre.
“Ebenézer, até aqui nos ajudou o Senhor”.
É isso!