A Polícia Federal (PF) encontrou arquivos com instruções de um golpe de Estado no celular de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O relatório foi divulgado nesta sexta-feira (16) pela revista Veja, e mostra passo a passo do que deveria ser feito para realizar atos inconstitucionais.
O arquivo nomeado “Forças Armadas como poder moderador” planejava anular o resultado das eleições presidenciais de 2022, afastar ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e dar o poder do país a mão das forças armadas até que novas eleições fossem feitas, dando o resultado favorável ao ex-presidente.
O documento se diferencia da “Minuta Golpista” encontrada também pela PF em uma investigação a residência do ex-Secretário de Segurança do Distrito Federal, Anderson Torres.
O documento diz que após a nomeação de um interventor, Ministros do TSE – na época Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia e Ricardo Lewandowski – deveriam ser afastados e investigados, sendo indicados para vagas do TSE e no STF os ministros substitutos Kassio Nunes Marques, André Mendonça e Dias Tofolli.
O relatório da PF não comprovou que Bolsonaro recebeu o arquivo, nem foram encontradas conversas sobre o tema entre ele e Mauro Cid.
Conversa com comandante
O relatório ainda traz, entre arquivos, mensagens e áudios, conversas com o comandante e até então, Subchefe do Estado-Maior do Exército, Jean Lawand Junior, no dia 1 de dezembro de 2022, um mês antes da posse do atual presidente Lula (PT).
O coronel foi um dos principais a apoiar o golpe. Áudios transcritos no documento mostram Lawand dando ordens para que Cid mande o Bolsonaro “dar a ordem” para que o plano fosse executado.
“Cidão, pelo amor de Deus, cara. Ele dê a ordem, que o povo está com ele”, implorou o coronel. “Ele não pode recuar agora. Ele não tem nada a perder. Ele vai ser preso. O Presidente vai ser preso. E pior, na papuda”.
Cid apenas responde, “Mas o PR (Presidente da República) não pode dar uma ordem… se ele não confia no ACE (Alto Comando do Exército) ”.
Lawan ainda afirma em outras conversas que se o EB (Exército Brasileiro) receber a ordem de intervir, prontamente atenderia.
A última troca de mensagens sobre o plano golpista aconteceu 21 de dezembro de 2022. Jean Lawand Junior escreveu: “Soube agora que não vai sair nada. Decepção irmão. Entregamos o país aos bandidos”. Cid respondeu: “Infelizmente”.
Mauro Cid segue preso há mais de um mês, desde 3 de janeiro, por falsificar dados vacinais no sistema do Ministério da Saúde, dele, de sua família, de Bolsonaro e Laura Bolsonaro.