sábado, 15 março 2025
GERAÇÃO ONLINE

Cerca de 90% de crianças e adolescentes no Brasil estão conectados, mostra pesquisa

Como o uso da internet impacta a infância e a adolescência
Por
Nicoly Maia

De acordo com a pesquisa TIC Kids Online Brasil 2024, que revela os hábitos digitais das crianças e adolescentes no país, a presença de jovens online é cada vez mais marcante. Atualmente, 93% da população brasileira entre 9 e 17 anos é usuária da internet, o que corresponde a cerca de 25 milhões de jovens conectados. Um dado que chama a atenção é que 23% desses jovens começaram a acessar a internet pela primeira vez ainda com menos de 6 anos, um aumento significativo em relação a 2015, quando apenas 11% tinham esse acesso precoce.

O psicanalista clínico psicopedagogo Richard Munhoz comenta que uma das consequências do uso de telas é a ansiedade e o transtorno obsessivo-compulsivo. Ele observa que, em suas avaliações das crianças, é perceptível o movimento repentino dos dedos, um reflexo da compulsão pelo uso das telas. O que realmente afeta as crianças e adolescentes, segundo ele, é o uso abusivo de telas, sem o devido controle e supervisão.

O governo brasileiro tem adotado uma série de recomendações para garantir o uso responsável e seguro das tecnologias por esse público, divulgadas nesta terça-feira (11). Destaca-se a recomendação de que crianças menores de 2 anos não devem fazer uso de telas, exceto para interações com familiares por meio de videochamadas. Também é orientado que, antes dos 12 anos, as crianças não possuam smartphones próprios, limitando assim a exposição à internet e ao uso das redes sociais. Além disso, o uso de plataformas digitais deve seguir a classificação indicativa, garantindo que o conteúdo consumido seja apropriado para a faixa etária.

O imediatismo proporcionado pelos celulares leva ao fenômeno do afastamento social, como explica o doutor Richard: “A questão de se relacionar com o outro do jeito que eu quiser, na hora que eu quiser e como eu quiser, isso não é viver em sociedade.”

O controle das telas deve ser feito pelos pais ou responsáveis. “Se pensarmos em termos de disfunções cognitivas e cerebrais, o dano das telas pode ser gigantesco”, comenta Richard.

Questões de autoestima e a construção da autoimagem também refletem na criança e no adolescente. Nessa fase, o córtex, que é a camada externa do cérebro responsável por funções cognitivas avançadas como percepção, pensamento, memória e tomada de decisões, ainda não está completamente formado.

Ao visualizar na internet momentos perfeitos, seletivamente artificiais, que parecem representar um “eu melhorado”, como classifica o psicopedagogo, a criança e o adolescente entram em um conflito psíquico, onde a imagem do eu real é forçada a mudar para se ajustar ao “eu aceito socialmente”.

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