Definimos férias e momentos de lazer através do que a internet nos apresenta, compartilhamos esses momentos pelas redes sociais, nos informamos e trabalhamos através de telas. Com o avanço da tecnologia e o fácil acesso às redes sociais, sem perceber passamos a pertencer a dois mundos, o virtual e o real, perdemos um pouco a noção do limite e do respeito. Liberamos demais e agora alguns cuidados devem ser praticados.
“Eu não indico nunca o uso de internet para crianças, primeiro lugar que internet não é um ambiente para criança, porque na internet é muito fácil ser anônimo e a partir desse anonimato se fingir de adolescente, de criança e isso torna muito propício para as pessoas má intencionadas. Então eu sempre indico aos pais não deixar a internet livre para os filhos, principalmente se for crianças, e hoje até uma foto de criança pode virar alvo de alguém mal intencionado, para o adolescente ter um pouco mais de autonomia é importante sim, até pelas informações e conteúdos positivos que tem ali, mas tem lado tóxico, inclusive por anonimato que um grupo de pessoas se valem disso, para atacar o outro, como os famosos ‘haters’”, pondera a psicanalista Camila Ragazzi
A priori alguns imaginam – se não tem meu nome, não sou eu, se não está com a minha foto no perfil, também não sou. No entanto, não é bem assim que as leis funcionam.
Em 15 de janeiro deste ano, foi publicada uma nova lei contra o ‘bullying’, trata-se da Lei n.º 14.811/2024, que teve importantes alterações no contexto criminal, como por exemplo a inclusão dos delitos de ‘bullying’ e ‘cyberbullying’, no Código Penal.
“Veja que aquela série de problemas que tivemos com aquelas brincadeiras, sugerindo automutilação, suicídios, isso hoje está previsto na lei do ‘bullying’ 14.811/24 ela vai falar que esse tipo de ação é punível e de forma bem rigorosa. Agora em relação a esse uso contínuo das pessoas com a internet, essa busca pela dopamina, esse hormônio que é liberado e a pessoa tem uma pequena felicidade em cada ‘like’ que recebe, a cada comentário, isso tem sido uma constante preocupação em quanto essa pessoa está vivendo no mundo virtual e quanto está no mundo real, e isso gera uma futilidade no sentido de que – não temos assunto, então vamos fazer o quê? Vamos incomodar o coleguinha que é motivo de piada na sala, e aí o outro passa a sofrer essa intimidação sistemática prevista (‘bullying’), com isso acaba acontecendo também o efeito manada que é quando um posta, outro compartilha, o outro curte, um outro comenta, e nesse campo ilusório de que através da internet vai chegar para muita gente e ninguém vai ver, a lei mostra que o ‘bullying’ do ‘cyberbullying’, e que a polícia tem todo o caminho para rastrear e chegar em quem postou, quem comentou ou compartilhou essas informações”, destaca o especialista em criminal Dr. Renan Farah.
Também podemos considerar que alguns impactos podem acontecer e prejudicar gravemente quem está na dependência digital e no uso irregular.
“Existem alguns impactos nas funções cognitivas e comportamentais que quando ele está ali acessando a internet, ele recebe um bombardeio de dopamina e isso cria um vício no consumo das mídias sociais, ao ponto de promover quadros de ansiedade, depressão, quadros de insônia, além dos casos de baixa autoestima”, enfatiza a psicanalista.
Um fato importante é tomarmos consciência dos nossos comportamentos e a responsabilidade que devemos ter a partir das nossas ações, em qualquer toda a idade.
“As pessoas que usam a internet, precisam lembrar do seu papel, então lembrar que quando você está em frente ao computador e faz um comentário, existe um outro ser humano, do outro lado da tela que vai receber isso, e que pode ser afetado por isso, porque as pessoas esquecem isso, e esquece que o outro também tem uma história, tem suas dores, e isso pode ser extremamente afetado, pessoas que já estão em depressão e recebe um comentário depreciativo, pode levar ao suicídio. Isso é muito grave e a gente precisa conscientizar isso nas pessoas de todas as idades, adultos, crianças.” Finalizou Camila Ragazzi
