sexta-feira, 22 novembro 2024

Aumento na conta de luz deve elevar calote e ‘gatos’, dizem distribuidoras

A entidade avalia, porém, que a medida anunciada pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) nesta terça-feira (29) é necessária, diante da crise hídrica na região que concentra os principais reservatórios de hidrelétricas do país.

A agência subiu em 52% o valor da bandeira vermelha nível 2, que passará a R$ 9,49 por cada 100 kWh (quilowatts-hora consumidos) ( Foto: Agência Brasil)

A elevação da conta de luz após revisão do valor da bandeira tarifária pode levar a um aumento na inadimplência e do furto de energia no país, na avaliação da Abradee (Associação Brasileira das Distribuidoras de Energia Elétrica).

A entidade avalia, porém, que a medida anunciada pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) nesta terça-feira (29) é necessária, diante da crise hídrica na região que concentra os principais reservatórios de hidrelétricas do país.

A agência subiu em 52% o valor da bandeira vermelha nível 2, que passará a R$ 9,49 por cada 100 kWh (quilowatts-hora consumidos). Segundo a FGV (Fundação Getúlio Vargas), a medida representará um aumento médio de 8,12% na conta de luz.

“Sem dúvidas, o aumento da conta de energia traz pontos negativos, como aumento da inadimplência e perdas não técnicas”, diz o presidente da Abradee, Marcos Madureira, referindo-se a perdas comerciais na venda de energia com ligações clandestinas, os chamados “gatos”.

Em abril, a inadimplência média do setor foi de 6,4%, quase a metade do pico de 11,6% atingido um ano antes, no primeiro mês completo de pandemia. O valor, porém, é maior do que os 4,7% de abril de 2019, antes do início da crise gerada pela Covid-19.

As perdas não técnicas são um problema antigo do setor -segundo estudo da PwC Brasil, 16% da energia injetada na rede de distribuição brasileira não foi faturada em 2019. Nos piores casos, como no Rio de Janeiro, o percentual passa de 40%.

Em 2020, as distribuidoras iniciaram uma ofensiva para cadastrar consumidores de baixa renda, para reduzir os riscos de aumento da inadimplência ou gatos. A ideia era encontrar clientes que se enquadrassem para pagar tarifa subsidiada mas ainda não haviam aderido ao programa.

Madureira frisa que as bandeiras têm o objetivo de antecipar arrecadação para bancar o aumento no custo de geração de energia com o acionamento das térmicas. “Entendemos como necessária essa sinalização das bandeiras”, diz.

A elevação das tarifas ocorre em um momento de crise financeira e elevado desemprego provocados pela pandemia e, por isso, o executivo defende “um uso mais consciente da energia como forma de atravessar essa crise”.

O novo valor da bandeira vermelha poderia ser maior, caso a diretoria da Aneel acatasse sugestão da área técnica da agência, que calculou em R$ 11,50 a taxa necessária para custear a elevada geração térmica. Parte da conta, porém, ficou para 2022. 

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