domingo, 24 novembro 2024

Preocupação com China e variante delta do coronavírus derrubam Bolsas mundiais

No Brasil, o Ibovespa, principal índice acionário do país, perdeu os 125 mil pontos e encerrou em queda de 1,10%, aos 124.612 pontos 

No câmbio, após uma sessão volátil, o dólar encerrou estável em relação ao real, cotado em R$ 5,175 ( Foto: Agência Brasil)

As medidas de intervenção estatal anunciadas pelo governo chinês e o avanço no número de infectados pela nova variante delta do coronavírus trouxeram mais um dia negativo para os mercados globais.

De um lado, há o temor de que novos lockdowns sejam necessários e o risco de que a recuperação econômica demore a acontecer diante do avanço do número de casos de Covid-19. De outro, os investidores estão receosos em relação a ameaças de intervenção da China nos mercados de tecnologia, imobiliário e de educação.

Recentemente os reguladores chineses publicaram uma norma dizendo que as escolas privadas serão convertidas e não poderão mais objetivar lucro. Além disso, também ordenou que companhias ligadas ao setor de tecnologia corrigissem supostas práticas anticompetitivas.

“O governo chinês usa como pretexto [para intervenção estatal] o uso de informações das empresas de tecnologia, as questões em torno do controle que o Estado possui na educação e no setor imobiliário, e [a afirmação] que existe a possiblidade de uma bolha, que é algo que alguns players do mercado já discutem há algum tempo”, afirmou Matheus Jaconeli, economista da Nova Futura Investimentos, em relatório.

A decisão do governo chinês também foi o que impulsionou o WeChat, da Tencent, plataforma de mensagens instantâneas dominante do gigante asiático, a suspender temporariamente o registro de novos usuários na China continental.

Segundo a companhia, o WeChat passa por uma atualização técnica para se alinhar com as leis e regulamentos relevantes. “No momento, estamos atualizando nossa tecnologia de segurança para nos alinhar com todas as leis e regulamentações relevantes”, disse a empresa em comunicado.

Com o cenário de maior aversão ao risco, Bolsas ao redor do mundo encerraram o dia no vermelho.

No Brasil, o Ibovespa, principal índice acionário do país, perdeu os 125 mil pontos e encerrou em queda de 1,10%, aos 124.612 pontos.

Segundo Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora, além do peso do mercado internacional, também pesou o dia de realização de lucro das commodities metálicas -como minério de ferro -, diante das altas vistas na véspera.

As ações da Vale, por exemplo, fecharam a sessão com queda de 2,12%, a R$ 114,12.

“Vale destacar também a queda das empresas ligadas ao setor doméstico, com a curva de juros voltando para os níveis da crise de 2020 e os investidores elevando as apostas de Selic na faixa de 7% ainda neste ano, tendo em vista os dados da inflação”, afirmou.

No exterior, os índices americanos Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq encerraram com perdas de 0,24%, 0,47% e 1,21%, respectivamente.

Segundo Braulio Langer, analista da Toro Investimentos, outro fator que também pode ter pesado nas Bolsas americanas é a temporada de balanços -nesta terça preenchida por grandes nomes, como Google, Apple e Microsoft.

“Houve uma forte realização de lucro nos mercados externos, principalmente na Nasdaq por conta do balanço das big techs. É um movimento global e que acabou refletindo no Brasil também”, disse.

Na Europa, o Euro Stoxx 50, um dos principais índices acionários da região, encerrou em queda de 0,92%. As Bolsas da Inglaterra, da Alemanha e da França seguiram o mesmo caminho e tiveram perdas de 0,42%, 0,64% e 0,71%, respectivamente.

Ainda de acordo com os analistas, outro fator que pode ter influenciado nos mercados é a adoção de posições mais defensivas por parte dos investidores, na expectativa para o desfecho da reunião de política monetária do Federal Reserve (banco central americano), que acontece nesta quarta-feira (28).

No câmbio, após uma sessão volátil, o dólar encerrou estável em relação ao real, cotado em R$ 5,1750. 

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