
O setor industrial na região de Campinas registrou forte retração em junho de 2025. Segundo sondagem mensal do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), 66% das empresas apontaram queda no volume de produção em relação ao mês anterior. Ainda 17% relataram estabilidade, e 17% indicaram crescimento.
Faturamento caiu para dois terços das empresas
A sondagem também mostra que 67% das empresas sofreram queda no faturamento em junho. Apenas 16% indicaram aumento, e o restante manteve os mesmos níveis de venda.
Em relação à lucratividade, o impacto foi ainda mais evidente: nenhuma empresa registrou lucro superior ao de maio, e 67% afirmaram que o resultado foi inferior.
Emprego estável, mas sem contratações
A maioria das empresas (83%) manteve o número de funcionários estável. Porém, nenhuma informou ter contratado no mês, e 17% relataram redução no quadro de pessoal.
O Diretor Titular do Ciesp Campinas, José Henrique Toledo Corrêa, criticou a política econômica do governo, e disse os números regionais indicam que as demissões podem se acentuar nos próximos meses. “Vão começar as demissões. Então, lá para a sondagem de final de ano, a gente vai ter aumento considerável de custos trabalhistas. As empresas estão já preferindo investir no mercado financeiro do que investir na atividade produtiva. Os juros de banco estão dando mais dinheiro do que você comprar a matéria-prima, transformar, comercializar, por no mercado, pagar o imposto antecipado, e receber em 30, 60, 90, 120 dias do seu cliente”, afirmou.
Guerra preocupa
Há agora uma nova preocupação, a escalada do conflito entre Irã e Israel, que conta com o apoio dos Estados Unidos. E o quanto isso pode impactar no preço dos derivados de petróleo e também na inflação. “O que está sendo mais temido é o fechamento do Golfo de Olmos, onde passa quase que todo o tráfico de fornecimento de petróleo do oriente para aqui o ocidente. Acontecendo isso, além do possível aumento dos fretes, pode haver aumento bastante grande do petróleo e seus derivados. E isso consequentemente vai aumentar todo o custo das indústrias, refletindo no bolso de cada um de nós, aumentando fortemente a inflação”, analisa Anselmo Riso, Diretor de Comércio Exterior do Ciesp Campinas.
“Ontem o presidente Trump disse que já apelidou de guerra de 12 dias, acabou, todo mundo vai ficar em paz para o resto da vida. Hoje já tem acusações de ambos os lados que o cessar-fogo não funcionou, que o Irã atacou partes de Israel, Israel revidou, ou seja, tá muito frágil e o fechamento do Estreito de Ormuz é muito, muito, negativo por conta que petróleo é energia para tudo, para aquecimento no gás, por exemplo. Passa ali pelo menos 20% do petróleo produzido no mundo diariamente, então a gente precisa botar aí nas nossas torcidas e orações por esse cessar-fogo”, afirmou o Vice-Diretor Ciesp Campinas, Valmir Caldana.
Comércio Exterior
O Ciesp Campinas também divulgou o Panorama Regional do Comércio Exterior relativo ao mês de maio. A região teve uma queda de 4,9% no volume de exportações na comparação com maio do ano passado. Já as importações subiram 11,2% no mesmo comparativo. Foram exportadas mercadorias que totalizam US$ 282 milhões, enquanto as importações atingiram quase US$ 1,2 bilhão em maio.
No acumulado do ano, a região exportou US$ 1,41 bilhão, 0,62% a menos do que o registrado no mesmo período de 2024. Campinas lidera as exportações, com US$ 482 milhões (34% do total), seguido por Paulínia, Sumaré e Mogi Guaçu. No mesmo período, as importações cresceram 13,23%, alcançando US$ 5,45 bilhões. Paulínia concentra 41,6% das importações, impulsionada pelo setor químico e petroquímico.