Às 20h23 desta quinta-feira (22), os Estados Unidos voltaram à superfície lunar após 50 anos da última missão espacial. A espaçonave Odysseus se tornou o primeiro módulo privado a alcançar o satélite natural da Terra tendo sua chegada confirmada pela empresa Intuitive Machines e pela NASA (Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço) em uma missão que se iniciou há sete dias com o lançamento do foguete em Houston.
Essa é a primeira missão americana a chegar na Lua desde o fim do Programa Apollo, com a missão Apollo 17, em 1972 que levou Eugene Cernan e Harrison Schmitt ao solo lunar. O objetivo da missão de Odysseus é avaliar o ambiente lunar antes de uma possível missão tripulada à Lua pelo programa Artêmis no final de 2026. O pouso do módulo ocorreu no horário previsto mesmo depois de ter sido alterado duas vezes nesta quinta-feira. “Odysseus tem uma nova casa”, disse a empresa.
A missão deve durar sete dias, período em que as placas solares da espaçonave funcionarão antes do pôr-do-sol lunar na região do pouso, quando se inicia uma noite lunar gelada, de duas semanas, com condições que a espaçonave não foi projetada para sobreviver.
Mesmo sendo uma missão privada, a NASA pagou US$118 milhões à empresa para a entrega de seis instrumentos à Lua que devem ajudar a agência americana a explorar o satélite e preparar para futuras missões tripuladas. Os instrumentos e suas funções são:
- Um instrumento para medição precisa da altitude e velocidade da espaçonave conforme ela desce até a superfície lunar.
- Um conjunto de retrorrefletores a laser que rechaça os feixes de laser
- Um receptor de rádio de baixa frequência, para medição dos efeitos de partículas carregadas em sinais de rádio próximos da superfície lunar fornecendo informações para ajudar no projeto de futuras observações.
- Um instrumento no tanque que utiliza ondas de rádio para medir níveis de combustível.
- Uma câmera estéreo que capturará em vídeo a pluma de poeira produzida pelos motores da Odysseus durante seu pouso.
- Um sinalizador, o Lunar Node-1, que demonstrará um sistema de navegação autônomo.
O módulo ainda carrega outras cargas como uma câmera construída por estudantes da Embry-Riddle Aeronautical University em Daytona Beach, Flórida, um instrumento precursor para a construção de um futuro telescópio lunar e um projeto de arte de Jeff Koons preso na lateral da espaçonave.
Como foi a missão do lançamento até a chegada na lua?
A missão se iniciou em 15 de fevereiro quando um foguete Falcon 9, da SpaceX, enviou Odysseus em direção à Lua. Após o lançamento, a espaçonave se separou do módulo de lançamento e se ligou com sucesso. Uma queima inicial do motor, com objetivo de testar o sistema de propulsão, teve de ser adiado, visto que o propelente de oxigênio liquido demorou mais do que os testes em terra para esfriar.
Após os ajustes dos engenheiros nos procedimentos de ignição, a queima foi realizada com sucesso ainda na sexta-feira (16). Durante o trajeto, os controladores de voo tiveram de acionar o motor mais duas vezes, uma no domingo (18) e outra vez na terça-feira (20), para ajustar a trajetória da espaçonave até a Lua, pousando nesta quinta-feira (22) por volta das 20h30. Em todo o percurso, a espaçonave transmitiu para a base da Intuitive Machines fotografias tiradas da Terra e da Lua.
Apesar do pouso ter sido um sucesso, houve falhas que levaram a espaçonave a tombar após seu pouso. A empresa divulgou que o equipamento está “vivo e bem” e que o módulo teria “tropeçado” em uma de suas pernas ao se aproximar do solo lunar.
Stephen Altemus, CEO da Intuitive, acredita que a espaçonave tenha pousado em uma área irregular, tombando e se apoiando em uma rocha e diz ainda que engenheiros puderam detectar que os problemas na alunissagem (aterrisagem lunar) foram decorrentes de falha humana e que conseguiram improvisar uma solução que evitasse um acidente que comprometesse a missão.
Mesmo com o tombo e duas antenas do módulo ficando apontadas para superfície lunar, dificultando a comunicação com a base, Odie, apelido dado à espaçonave, conseguiu montar cinco dos seis instrumentos enviados pela NASA junto ao módulo.
Onde a espaçonave planejava pousar?
A missão teve como objetivo pousar em uma área de interesse de estudo na superfície lunar, pousando na região polar sul, próximo da cratera nomeada Malapert A. Algumas das crateras na região permanecem em uma sombra perpétua, despertando o interesse de pesquisadores após a detecção de gelo de água nelas.
Missões lunares americanas anteriores aterrissaram nas regiões equatoriais.
Futuras missões
A Odysseus fez parte do programa Commercial Lunar Payload Services da NASA, que autoriza empresas privadas a realizarem pousos experimentais para a Lua, o que poupa a NASA de construir e operar espaçonaves próprias para Lua.
Através disso, a agência espera baratear a abordagem, permitindo missões com mais frequência – o que facilitaria o estudo lunar e auxilia na preparação do retorno de astronautas à Lua. Com mais missões à Lua, a NASA opta por contratar as empresas que estão realizando as missões para levar equipamentos até o satélite natural.
Em janeiro, a empresa Astrobotic tentou uma missão parecida, que acabou falhando após um vazamento de combustível.
Recentemente, Índia e Japão também conseguiram fazer com sucesso pousos na Lua.
Aqui você pode acompanha o pouso completo da missão Odysseus.