
A Geração Z, formada por jovens nascidos entre 1997 e 2010, já demonstra uma nova forma de se relacionar com o dinheiro. Crescidos em um mundo digital, eles têm se destacado pela busca por educação financeira, controle de gastos e maior responsabilidade na hora de lidar com o crédito.
Negociações cresceram quase 50% entre jovens
De acordo com levantamento da Serasa, entre janeiro e julho de 2025, o número de jovens entre 18 e 25 anos que renegociaram dívidas cresceu 49% em relação ao mesmo período do ano anterior. No total, mais de 1,5 milhão de pessoas dessa faixa etária buscam acordos por meio da plataforma Serasa Limpa Nome.
A representatividade desse grupo nas negociações passou de 9,9% para 13,3%, enquanto o número de consumidores com mais de 65 anos registrou queda de 4,7%.
Tecnologia e acesso à informação fazem diferença
Para a especialista em educação financeira da Serasa, Karla Pontes, esse comportamento reflete uma nova mentalidade entre os mais jovens. “A Geração Z veio com uma consciência de educação financeira maior. As tecnologias ajudaram muito nisso. Eles estão mais atentos à organização das contas, ao nome limpo e à importância de ter crédito no mercado”, afirma.
Segundo uma pesquisa da própria Serasa, que ouviu quase 3 mil jovens entre 18 e 29 anos, 55% dos entrevistados já assumem os próprios gastos mensais e 39% contribuem com as despesas da casa. Aplicativos, blogs, vídeos curtos e plataformas online são ferramentas recorrentes para comparar preços, entender o orçamento e tomar decisões mais conscientes.
Experiência dos pais influencia escolhas
Outro fator que influencia esse comportamento é o exemplo dos pais. Muitos jovens cresceram em lares onde a desorganização financeira foi um problema e, por isso, desenvolveram uma preocupação maior com o planejamento. “Ao verem os pais enfrentando dificuldades, muitos jovens passaram a entender a importância de saber quanto ganham, quanto gastam e da necessidade de se planejar. A principal diferença em relação às gerações anteriores está no comportamento”, explica Karla.
Cartão de crédito ainda é o maior vilão
Apesar disso, o cartão de crédito continua sendo a principal fonte de dívidas entre os jovens. Muitos estão em seu primeiro ou segundo emprego e, sem experiência, acabam comprometendo mais do que podem pagar. “O cartão de crédito é o tipo de dívida mais comum. Esses jovens ainda estão aprendendo a lidar com o crédito, e muitas vezes extrapolam os limites, ficando inadimplentes”, ressalta a especialista.
Planejamento e renda extra são os caminhos
Para quem quer sair do vermelho, o caminho passa por atitudes simples, mas consistentes: organização, controle de gastos e uso inteligente das ferramentas digitais. “É fundamental fazer um planejamento financeiro. Saber quanto entra e quanto sai, guardar um valor por mês, mesmo que pequeno,e buscar renda extra, aproveitando habilidades como culinária, artesanato ou tecnologia. Hoje, há muita informação acessível e gratuita para quem quer aprender a se organizar financeiramente”, orienta Karla Pontes.
Jovens mostram que querem virar o jogo
A Geração Z tem mostrado que está disposta a aprender com os erros do passado e usar a tecnologia a favor do próprio bolso. Com mais planejamento e acesso à informação, esses jovens estão transformando a forma como lidam com o dinheiro, e mostrando que manter o nome limpo também virou um novo estilo de vida.