terça-feira, 28 outubro 2025
SAÚDE

Metanol: crise completa um mês com alerta para falsificação de bebidas

Já foram confirmados 58 casos e 15 mortes por intoxicação com produto
Por
João Victor Viana
Investigações apontam falsificação de bebidas com álcool combustível adulterado; operação policial encontrou origem provável da contaminação. Foto: Governo de SP

Trinta dias após a divulgação dos primeiros nove casos de suspeita de intoxicação por metanol, em 26 de setembro, o Brasil registra 58 confirmações e 15 mortes, a maioria em São Paulo. As investigações apontam que as contaminações foram causadas por bebidas alcoólicas falsificadas que utilizavam álcool combustível adulterado com metanol.

Desde o primeiro alerta emitido pelo Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox) de Campinas, uma série de ações foi deflagrada por órgãos públicos, laboratórios e forças policiais. Hospitais de referência foram estruturados em diversos estados, e os Ciatox assumiram a linha de frente na detecção dos casos, enquanto vigilâncias sanitárias e polícias intensificaram as fiscalizações em locais de venda e consumo.

Origem e operação policial
Em 17 de outubro, a Polícia Civil de São Paulo localizou dois postos responsáveis por fornecer combustível contaminado com metanol, identificado como origem provável da substância usada na falsificação de bebidas. A ação seguiu o rastro de um caso grave na capital paulista, onde um homem permanece internado após ingerir a bebida adulterada. Dias antes, os investigadores haviam encontrado a distribuidora onde os produtos falsos eram envasados.

“O primeiro ciclo foi fechado. Vamos continuar as diligências para identificar a origem de todas as bebidas adulteradas no estado”, afirmou o delegado-geral da Polícia Civil, Artur Dian.

Respostas científicas e redução no impacto
Em paralelo às investigações, universidades desenvolveram soluções para acelerar a identificação de produtos contaminados. Pesquisadores do Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) criaram um “nariz eletrônico” capaz de detectar metanol em bebidas por meio da análise de odores. “O equipamento transforma aromas em dados que alimentam uma inteligência artificial, treinada para reconhecer a assinatura do cheiro de cada amostra”, explicou o professor Leandro Almeida à Agência Brasil.

Segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), o comércio registrou queda de 5% no consumo de bebidas em setembro, reflexo das operações e do alerta público.

Situação nacional e medidas legislativas
O último boletim, divulgado na sexta-feira (24), contabiliza 58 casos confirmados, 50 em investigação e 635 descartados. Das 15 mortes confirmadas, nove ocorreram em São Paulo, seis no Paraná e seis em Pernambuco. Outros nove óbitos seguem sob apuração.

O caso também mobilizou o poder legislativo. Em São Paulo, uma CPI começa nesta terça-feira (28) para investigar a falsificação de bebidas e as ações de fiscalização do Estado. Na Câmara dos Deputados, tramita o Projeto de Lei nº 2307/07, que propõe classificar como crime hediondo a adulteração de alimentos e bebidas.

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