O Ministério da Saúde confirmou nesta quinta-feira (25) duas mortes por febre oropouche no país. Segundo a pasta, esses são os primeiros relatos de óbitos por essa doença em todo o mundo.
Os casos são de mulheres do interior do estado da Bahia, com menos de 30 anos, sem comorbidades, mas que tiveram sinais e sintomas semelhantes a um quadro de dengue grave.
Segundo a Secretaria de Estado da Saúde da Bahia, a primeira morte, de uma mulher de 24 anos residente em Valença, ocorreu no dia 27 de março. O segundo, de uma mulher residente em Camamu de 21 anos, foi registrado no dia 10 de maio.
CASOS
Em 2024, foram registrados 7.236 casos de febre do oropouche, em 20 estados brasileiros. A maior parte dos casos foi registrada no Amazonas e em Rondônia. De acordo com o Ministério da Saúde, o Estado de São Paulo não teve nenhum caso de contaminação no ano.
Estão em investigação também seis casos de transmissão vertical, quando passa de mãe para filho. São 3 casos em Pernambuco, 1 na Bahia e 2 no Acre. Dois casos evoluíram para óbito fetal, houve um aborto espontâneo e três casos apresentaram anomalias congênitas, como a microcefalia.
As análises estão sendo feitas pelas secretarias estaduais de saúde e especialistas, com o acompanhamento do Ministério da Saúde, para concluir se há relação entre a febre do oropouche e casos de malformação ou abortamento.
Até o momento, não há tratamento específico para a febre oropouche. A terapia atual apenas alivia os sintomas.
ÓBITOS EM INVESTIGAÇÃO
A investigação dos casos foi feita pela Secretaria de Estado da Saúde da Bahia. Continua em investigação 1 óbito em Santa Catarina e foi descartada a relação causal por febre do oropouche de um óbito ocorrido no Maranhão.
De acordo com a pasta, a detecção de casos de febre do oropouche foi ampliada para todo o país em 2023, após o Ministério da Saúde disponibilizar de forma inédita testes diagnósticos para toda a rede nacional de Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacen). Com isso, os casos, até então concentrados na região Norte, passaram a ser identificados também em outras regiões do país.
“O Ministério da Saúde mantém monitoramento de casos e possíveis óbitos por oropouche por meio da Sala Nacional de Arboviroses, com diálogo constante com as secretarias estaduais e municipais de saúde. O acompanhamento tem sido realizado também por meio de visitas técnicas, investigação in loco, busca ativa e pesquisa vetorial em apoio à resposta local dos estados e municípios”, disse o Ministério em nota.
FEBRE OROPOUCHE
A febre Oropouche é uma doença viral. O vírus Orov é transmitido, principalmente, por meio da picada de um mosquito conhecido como maruim (Culicoides paraensis), bem como por espécies do mosquito Culex. No Brasil, o vírus foi isolado pela primeira vez em 1960.
Foi identificada no país a partir de amostra de sangue de uma bicho-preguiça (Bradypus tridactylus) capturada durante a construção da rodovia Belém-Brasília. Desde então, casos isolados e surtos foram relatados no Brasil, principalmente nos estados da região Amazônica.
Também já foram relatados casos e surtos em outros países das Américas Central e do Sul (Panamá, Argentina, Bolívia, Equador, Peru e Venezuela).
O ministério explicou que a febre oropouche pode ser confundida com a dengue. A doença evolui com febre de início súbito, cefaleia (dor de cabeça), mialgia (dor muscular) e artralgia (dor articular). Outros sintomas como tontura, dor retro-ocular, calafrios, fotofobia, náuseas e vômitos também são relatados.
Os sintomas duram cerca de dois a sete dias. Mas, até 60% dos pacientes podem apresentar recorrência dos sintomas, após uma a duas semanas a partir das manifestações iniciais. A maioria das pessoas tem evolução benigna e sem sequelas, mesmo nos casos mais graves.