É tempo de festas, confraternizações, formaturas e é comum querer brindar este momento, que foi tão esperado ao longo do ano. Mas muitas vezes esquecemos de ponderar as doses festivas e as doses de medicamentos, sem considerar que a mistura dos dois pode ser pior do que uma ressaca. Frequentemente, o Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo publica sobre a interação de medicamentos e o uso concomitante de bebidas alcoólicas e remédios.
Entrevistei a farmacêutica Tatiana Conz Fanali para entender melhor quais cuidados devemos ter, especialmente neste período de festas e confraternizações, onde um brinde é sempre solicitado.
“O álcool é um depressor do sistema nervoso central, sua ação é diferente da ação do medicamento. Pensando em um ansiolítico, ele vai gerar serotonina, proporcionando calma e tranquilidade para controlar a ansiedade. O álcool, por outro lado, tem um efeito depressor. Portanto, se o paciente mistura essas doses, ele interrompe o ciclo do tratamento e corre o risco de ter novas crises de ansiedade, por exemplo”, orienta a farmacêutica.
Há quem pense que apenas um grupo de fármacos não pode ser misturado com o álcool, mas não é bem assim. A farmacêutica explica que até mesmo um “simples” paracetamol pode ocasionar uma hepatite medicamentosa se consumido junto com álcool.
“Vai acontecer? Talvez não, mas, de modo geral, em todas as bulas e nas práticas farmacêuticas, a orientação é não utilizar ansiolíticos, antibióticos, anti-inflamatórios, insulinas com bebidas alcoólicas ou com substâncias psicoativas que possam modular o sistema nervoso central”, destaca a especialista.
Considerando os vários riscos envolvidos, é melhor mudar a composição da bebida e brindar sem álcool do que arriscar todo o tratamento.