O biólogo e coordenador científico do Onçafari, Eduardo Fragoso, conversou com o TODODIA e falou sobre a captura e monitoramento de um macho adulto de onça-preta, encontrado na divisa entre Minas Gerais, Goiás e Bahia, no dia 13 de junho.
Eduardo trabalha no Onçafari há oito anos e esta foi a primeira vez que encontraram um animal da espécie onça-melânica após um ano e meio de levantamento. Uma hora depois do procedimento de captura, o macho Guirigó, de 12 anos e peso de 81 kg, já estava solto no Cerrado. Foi realizado um procedimento anestésico, a coleta dos materiais e colocação do colar, com o objetivo de proteger a bioversidade.
“Essa captura foi super emocionante para a nossa equipe. Já vinhamos acompanhando a movimentação dessas onças aqui na região deste janeiro do ano passado. A gente usa uma técnica mais utilizada para captura de grandes felinos ao redor do mundo e mais segura: a técnica do laço. Foi extremamente tranquila”, explica o biólogo.
Ele descreve sobre a experiência e a importância no monitoramento da espécie, identificando alguns comportamentos do Guirigó.
Monitoramento de campo
Eduardo Fragoso esperava que o animal, por conta da pelagem preta, se esconderia em rochas, mas foi observado o contrário, caminhando em plena vegetação aberta.
“Tem contrariado muitos as minhas hipóteses porque por ser um indivíduo preto e de pelagem escura, eu esperava que esse animal andasse mais pelas grotas e se protegesse mais do sol e ussasse mais cavidades para se proteger, mas na verdade não. Ele usa muito as áreas abertas para descansar durante o dia. Enquanto o animal pintado já tem o comportamento e usam mais os paredões, as cavidades e grotas. Então, tem sido bem curioso”, comenta.
A onça-preta e a onça-pintada são a mesma espécie e que a diferença está na mutação genética. “Pouquíssimas pessoas no mundo conseguiram ver um animal melânico. Estima-se que 9% das onças de todo o mundo tem melanismo, mas aqui nessa região, cerca de 48% das onças são pretas e tem essa pelagem escura”
Ele passeia no meio da paisagem completamente aberta de campo, descansando numa árvore com sombra, passando de 4 a 5 horas nesse lugar. “Os machos costumar andam mais do que as fêmeas. É muito interessante ver do que eles se alimentam. A gente observou que eles têm uma preferência por tamanduá-bandeira, que é uma presa”.
Sobre o Onçafari
O Onçafari é uma ONG (Organização Não Governamental) que funciona desde 2011 com objetivo preservar a vida selvagem e monitorar onças-pintadas no Brasil. Este ano, o Onçafari em parceria com a Goodyear em Americana, instalou 10 câmeras traps em pontos estratégicos dentro das instalações da unidade na cidade, que conta com uma área de conservação de aproximadamente 180 mil metros quadrados.
Essa ação visa proporcionar um maior conhecimento científico dos animais selvagens, sem interferir no comportamento natural de cada espécie por meio do monitoramento. A equipe do Onçafari poderá analisar a cada dois meses todas as informações captadas que contribuirão com a pesquisa e compreensão da vida silvestre presente no entorno.