
O Estado de São Paulo deu início a uma capacitação inédita no Brasil voltada ao enfrentamento de crimes virtuais contra crianças e adolescentes. Pela primeira vez, 200 escrivães em formação participaram de um treinamento especializado sobre o tema, ministrado por equipes da Polícia Civil paulista.
O curso integra o processo de formação dos novos escrivães, com previsão de término em janeiro de 2026, e foi realizado nesta terça-feira (4) na Academia de Polícia Civil Coriolano Nogueira Cobra (Acadepol).
Formação inédita e foco na proteção infantil
Durante a abertura, o delegado-geral da Polícia Civil, Artur Dian, destacou a importância da preparação dos futuros policiais para lidar com crimes cibernéticos. “É um crime que, infelizmente, tende a aumentar em todo o país. Por isso, vocês precisam estar preparados e ambientados com as ferramentas para adotar as providências cabíveis que a Justiça e a lei determinam”, afirmou.
O módulo foi ministrado por agentes do Núcleo de Observação e Análise Digital (Noad), órgão vinculado à Secretaria da Segurança Pública. Os profissionais apresentaram as etapas de investigação digital e orientaram os futuros escrivães sobre a importância de registrar corretamente as ocorrências conforme as diretrizes legais.
Empatia e qualificação no atendimento às vítimas
A coordenadora do Noad, delegada Lisandréa Salvariego, ressaltou que o atendimento a esse tipo de crime exige empatia e preparo emocional. “É necessário qualificar esses policiais para que saibam como recepcionar esse tipo de ocorrência e que, a partir disso, seja iniciada uma investigação contundente para que os autores sejam devidamente identificados e punidos”, explicou.
Para a futura escrivã Débora Alves, a capacitação foi marcante. “Esse conteúdo indica uma série de ações que deveremos adotar ao recepcionar um crime virtual. Assim, desde o primeiro contato, poderemos garantir conforto e efetividade policial para as vítimas”, disse.
Ela acrescentou que o aprendizado também envolve o cuidado com familiares das vítimas. “Nosso trabalho precisa ser empático, pois é uma situação que impacta todo o meio familiar. Ter esse cuidado e atenção é essencial”, completou.
O papel do Noad
Criado pela resolução nº 67/2024, o Núcleo de Observação e Análise Digital (Noad) foi o primeiro órgão estadual implantado com o objetivo de coibir a expansão da violência digital, especialmente crimes como estupro virtual e comercialização de pornografia infantil.
Sediado no prédio da Secretaria da Segurança Pública, o núcleo mantém agentes infiltrados em comunidades e grupos online 24 horas por dia. Esses policiais, conhecidos como “observadores digitais”, atuam na identificação e interrupção de ações criminosas.
O Noad também conta com a colaboração de policiais militares e peritos. Todo o material obtido é transformado em relatórios de inteligência anexados a inquéritos policiais, que servem de base para pedidos judiciais de busca, prisão ou internação. Em situações de risco iminente, os agentes acionam outras unidades da polícia para intervenções rápidas.
*Com informações da Agência SP





