sábado, 3 maio 2025
LAUREADA DA PAZ

Prêmio Nobel da Paz de 2023 é de Narges Mohammadi

Iraniana venceu por sua liderança na luta das mulheres contra a opressão
Por
Ana Flávia Defavari
Ilustração: Divulgação | Ill. Niklas Elmehed © Nobel Prize Outreach

Nesta sexta-feira (6) foi divulgado a vencedora do Prêmio Nobel da Paz, a iraniana Narges Mohammadi considerada a líder e voz da revolução e luta das mulheres iranianas contra a opressão do atual regime. Narges é apenas a 19ª mulher a receber o prêmio nos 122 anos de existência.

Presa desde janeiro de 2022 e cumprindo 10 anos de pena por espalhar propaganda contra o governo no presídio de Evin, em Teerã, conhecido por abrigar críticos do regime, Narges já foi presa seis vezes, a primeira delas há 22 anos e suas condenações chegam ao total de 31 anos de prisão e 154 chibatadas.

Ativista dos direitos da mulher e abolição da pena de morte no Irã há mais de duas décadas é uma das lideres do movimento atual contra a chamada “polícia da moralidade” e o uso obrigatório do véu islâmico.

“Narges é uma defensora dos direitos humanos e uma pessoa que luta pela liberdade. Nós queremos apoiar sua luta corajosa e reconhecer milhares de pessoas que se manifestaram contra o regime teocrático de repressão e discriminação que tem como alvo as mulheres no Irã”, declarou a presidente do Comitê do Nobel, Berit Reiss-Andersen, que fez o anúncio do prêmio.

Em Farsi, língua oficial do Irã, Reiss-Andersen repetiu o lema dos protestos no Irã durante a premiação: “Zan. Zendegi. Azadi.” em português “Mulheres. Vida. Liberdade”.
Narges é mãe de gêmeos e engenheira, nascida em 1972 e mesmo presa é atualmente vice-diretora do Centro de Defensores dos Direitos Humanos do Irã, organização não governamental liderada por Shirin Ebadi, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz em 2003.

O Nobel da Paz foi concedido a Mohammadi um ano após a onda de protestos em decorrência da morte da jovem Mahsa Amini, presa em setembro de 2022 enquanto viajava com a familia pelo Irã, foi presa pela polícia da moralidade que fiscaliza o cumprimento das vestimentas impostas à mulheres iranianas, sendo denominado o “uso incorreto” do véu islâmico que é obrigatório no país. Dois dias depois, ainda sob custódia policial, foi internada em estado grave, com lesões na cabeça. O caso começou a chamar a atenção no país, e a jovem morreu no hospital.

A entrega chega na mesma semana em que outra iraniana entrou em coma após ser abordada pela polícia da moralidade.

Através de seus advogados, Narges declarou ao “The New York Times” que “o apoio global e o reconhecimento de minha luta pelos direitos humanos me faz mais responsável, mas bem resolvida, mais apaixonada e mais esperançosa” e que “A vitória está próxima”.

Seus filhos e marido se manifestaram dizendo que o prêmio é o reconhecimento à luta de sua mãe e das mulheres iranianas.

O governo iraniano criticou o comitê e acusou o Ocidente de “escolher premiar uma prisioneira por suas ações contra a segurança nacional do Irã”.
O Prêmio Nobel da Paz será entregue em Oslo no dia 10 de dezembro, os organizadores da premiação pediram à autoridades iranianas para soltarem Narges Mohammadi a tempo de receber o prêmio pessoalmente.

Receba as notícias do Todo Dia no seu e-mail
Captcha obrigatório

Veja Também

Veja Também